Os 70 funcionários do “Jornal da Madeira”, metade deles jornalistas, ainda não viram a cor do dinheiro referente ao mês de Dezembro. A causa para o atraso no pagamento dos ordenados é a “falta de liquidez” do Governo Regional da Madeira, segundo comunicado do próprio executivo de Alberto João Jardim.
O líder madeirense, através do secretário regional dos Assuntos Sociais, Jardim Ramos, que tutela a comunicação social, garantiu que “está em curso negociações com Lisboa com o objectivo de resolver esta situação que será regularizada logo que possível”. Recorde-se que a Madeira está sob austeridade imposta pelo continente, após a descoberta de uma dívida total superior a seis mil milhões de euros.
Mas estas explicações apenas surgiram porque, não obtendo resposta às várias solicitações que fez sobre o assunto, a direcção regional do Sindicato dos Jornalistas da Madeira (SJM) ameaçou levar o assunto à Inspecção Regional de Trabalho, pedindo a sua intervenção para resolver este caso de ordenados em atraso. O SJM havia criticado a empresa “JM” por não ter dado “qualquer explicação formal aos trabalhadores, nem ao Sindicato dos Jornalistas, apesar do pedido, nesse sentido, formulado”. Aquele sindicalista “lamenta que seja uma empresa de capitais públicos a primeira a dar o mau exemplo, no que diz respeito ao diálogo com os trabalhadores e seus representantes e ao cumprimento da lei”.
Antes deste atraso nos ordenados de Dezembro, o governo regional já teria dado sinais de falta de liquidez ao “não pagar o trabalho efectuado em dias de feriado”, falha entretanto corrigida.
Às críticas do sindicato, o gabinete do secretário regional declara que “o governo não tem que dialogar com uma direcção regional do Sindicato dos Jornalistas cuja idoneidade não reconhece”.
É a segunda vez, em quatro meses, que o “Jornal da Madeira” está na berlinda por más razões. Em finais de Setembro, numa ilegal e surpreendente acção de campanha, os oito candidatos do Partido Nova Democracia (PND) decidiram invadir as instalações da publicação, onde estiveram barricados nove horas, tendo saído pela hora de jantar, sem intervenção policial.
Entre as exigências feitas durante a ocupação do “Jornal da Madeira”, pedia-se o fim da “instrumentalização da imprensa” pelo Governo Regional de Alberto João Jardim. Um dos representantes do PND, António Fontes, afirmou então que o “jornal é a sede da batota eleitoral”, que “enxovalha, humilha e goza a oposição”. Com Lusa