A hipótese de juntar o actual modelo de serviço público de televisão, dividido entre a RTP1 e RTP2, num só canal, após a privatização parcial da estação pública, é assunto que gera críticas.
O ex-presidente da Entidade Reguladora para a Comunicação Social, Azeredo Lopes, defendeu a manutenção do actual modelo e considerou que a RTP1 deve reforçar a sua pluralidade. Também o ex-provedor do espectador da RTP, Paquete de Oliveira, reforçou a ideia, ao apoiar “a manutenção de um serviço público de televisão com dois canais em sinal aberto como forma de atender às obrigações previstas na actual lei de serviço público”. Paquete de Oliveira desabafou, numa conferência subordinada ao tema, que não se revê na defesa de um serviço público com tiques “colonialistas”, referindo-se à questão da RTP Internacional: “Portugal tem uma janela aberta para o mundo, o que traz grandes responsabilidades”. E acrescentou que “a divulgação da língua tem de ser um factor essencial para a existência de um canal internacional e este é essencial para Portugal, pois é a quarta língua mais falada em todo o mundo”.
A mesma linha de pensamento foi seguida pelo ex-director de Informação da Rádio Renascença, Sarsfield Cabral. O jornalista afirmou que “os emigrantes apreciam notícias vindas do seu local e não estamos só a falar de Portugal, mas mesmo das diversas regiões de onde provêem estes emigrantes. Deviam existir horários específicos para transmitir informações das mais diversas zonas e dos mais diversos países lusófonos”. É que, lembrou, nem todos percebem “o português de Portugal, caso dos brasileiros.
Azeredo Lopes concorda que “somos obrigados pelas circunstâncias a discutir cada cêntimo dado ao serviço público”. Mas não se choca com a hipótese de que a verba para o serviço público seja avultada, desde que tenha qualidade. “É precisa uma avaliação quantitativa e qualitativa para bem aplicar os dinheiros públicos”, apelou, colocando como contrapartida a existência de “uma programação pormenorizada, definindo-se tipo de programa para não haver falhas”.
Felisbela Lopes, pró-reitora da Universidade do Minho, considerou que o positivo no canal de serviço público é que “este tem mais emissões a promover a interacção, no entanto esta apenas é conseguida através de telefone, redes sociais e e-mail, o que a torna numa integração pobre”.Esta polémica vem na sequência do debate acerca da privatização da RTP com a qual cerca de 52% dos portugueses não concordam, como já foi noticiado pelo i.