PS prepara sucessão de “governo sem futuro” e jura honrar metas da UE

PS prepara sucessão de “governo sem futuro” e jura honrar metas da UE


Hoje, em Bruxelas, PCP e BE rejeitam Tratado Orçamental. Mas PS avisa que regras são para cumprir.


O governo “tem os dias contados”, segundo o PS. Mais propriamente, dez dias (no máximo) até à apresentação do programa de governo que tem rejeição garantida – por PS, PCP e BE. Nesse dia, António Costa quer ter uma alternativa credível para contrapor e, ontem, fez um comunicado a garantir que as metas orçamentais vão ser cumpridas pela sucessão que está a preparar.

É o assunto que mais dúvidas tem levantado: como pôr PCPe BE a apoiar um governo que não rasgue os compromissos assumidos pelo Estado português em Bruxelas? E a questão será hoje novamente apontada pela coligação PSD/CDS, dia em que, no Parlamento Europeu, a Esquerda Unitária (onde se sentam os novos parceiros do PS, PCP e BE) vai aprovar uma emenda ao relatório (redigido pelo eurodeputado do PSD José Manuel Fernandes) sobre o orçamento comunitário para o próximo ano, a defender a “rejeição do Tratado Orçamental, da Governação Económica e o Pacto Euro Mais”. A emenda, assinada – entre outros – por João Ferreira (PCP) e Marisa Matias (BE), defende que os documentos “se baseiam na perpetuação de mais medidas de austeridade na União e nos estados-membros que vão agravar a actual crise económica e social, sobretudo nos países com maiores dificuldades”.

Em território nacional, PCP e BE estão a ultimar um acordo com o PS, que garanta apoio maioritário a um governo socialista, onde o que está no Tratado Orçamental fica garantido. Tem sido esse o princípio dos socialistas nesta negociação, ontem reafirmado num comunicado com o PS a responder a notícias que dão conta do futuro alívio de metas para poder encaixar algumas das cedências aos partidos à sua esquerda. “As regras orçamentais serão cumpridas”, ditou o comunicado de ontem, onde “o PS reafirma que apenas viabilizará um governo que garanta o cumprimento das obrigações do país em termos orçamentais”.

E passa a bola para a coligação, afirmando que “considera fundamental que o governo PSD/PP apresente uma avaliação do impacto das medidas do seu programa, sem o que não é possível avaliar a sua consistência com o cumprimento de compromissos orçamentais”.

Já sobre o elenco governativo apresentado ontem, António Costa disparou logo através da sua página oficial no Facebook para dizer que se trata de “um governo sem futuro que tem consciência disso”. Pouco depois, no parlamento, a deputada Ana Catarina Mendes chamava-lhe “governo provisório”, “de curto prazo e que sabe que tem os dias contados”, isto tudo para dizer ser “uma continuidade do passado, sem nenhuma evolução. O governo está fechado sobre si próprio, é incapaz de fazer sequer interacção com a sociedade portuguesa”.

Ana Catarina Mendes será hoje eleita vice-presidente da bancada parlamentar doPS, bem como Pedro Nuno Santos, João Galamba, Fernando Rocha Andrade, Pedro Delgado Alves, José Apolinário, Susana Amador, José Luís Carneiro, Helena Freitas, Ana Paulo Vitorino, Carlos Pereira e Lara Martinho. Carlos César será o presidente.