Um governo de fábula


António Costa parece neste momento a rã que quer atravessar o rio, levando no dorso o escorpião que a morderá, pedindo este depois desculpa, porque tal corresponde à sua natureza. 


© Manuel de Almeida/Lusa

O que mais faz confusão é António Costa pretender convencer o país de que com uma varinha de condão consegue transformar o PCP e o BE em parceiros fiáveis de governo, que irão disciplinadamente proclamar a sua fidelidade eterna à NATO, à União Europeia, ao Tratado Orçamental, ao euro, e aos compromissos assumidos para com os credores, pondo na gaveta os programas que apresentaram aos seus eleitores. É evidente que isso nunca acontecerá e que esse governo seria um saco de gatos em conflito permanente.

Basta ver qual seria a posição desse governo sobre as presidenciais. António Costa falhou na sua tentativa de lançar um candidato frentista, Sampaio da Nóvoa, e o seu próprio partido está dividido entre este e Maria de Belém.

O PCP apoia Edgar Silva e o BE Marisa Matias. Será alguma vez pensável um governo em que os seus ministros estarão divididos entre nada menos do que quatro candidatos presidenciais?

António Costa bem pode andar a citar os exemplos da Dinamarca, do Luxemburgo, da Bélgica, e até da Letónia, para ver se consegue legitimar na secretaria uma candidatura a primeiro-ministro que foi rejeitada nas urnas. Mas a verdade é que nenhum desses países instituiu uma coligação de governo tão absurda, com parceiros que já assumiram que não se comprometem com coisa nenhuma.

António Costa parece neste momento a rã que quer atravessar o rio, levando no dorso o escorpião que a morderá, pedindo este depois desculpa, porque tal corresponde à sua natureza. O país é que não devia ser sujeito a isto.

Professor da Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa
Escreve à terça-feira

Um governo de fábula


António Costa parece neste momento a rã que quer atravessar o rio, levando no dorso o escorpião que a morderá, pedindo este depois desculpa, porque tal corresponde à sua natureza. 


© Manuel de Almeida/Lusa

O que mais faz confusão é António Costa pretender convencer o país de que com uma varinha de condão consegue transformar o PCP e o BE em parceiros fiáveis de governo, que irão disciplinadamente proclamar a sua fidelidade eterna à NATO, à União Europeia, ao Tratado Orçamental, ao euro, e aos compromissos assumidos para com os credores, pondo na gaveta os programas que apresentaram aos seus eleitores. É evidente que isso nunca acontecerá e que esse governo seria um saco de gatos em conflito permanente.

Basta ver qual seria a posição desse governo sobre as presidenciais. António Costa falhou na sua tentativa de lançar um candidato frentista, Sampaio da Nóvoa, e o seu próprio partido está dividido entre este e Maria de Belém.

O PCP apoia Edgar Silva e o BE Marisa Matias. Será alguma vez pensável um governo em que os seus ministros estarão divididos entre nada menos do que quatro candidatos presidenciais?

António Costa bem pode andar a citar os exemplos da Dinamarca, do Luxemburgo, da Bélgica, e até da Letónia, para ver se consegue legitimar na secretaria uma candidatura a primeiro-ministro que foi rejeitada nas urnas. Mas a verdade é que nenhum desses países instituiu uma coligação de governo tão absurda, com parceiros que já assumiram que não se comprometem com coisa nenhuma.

António Costa parece neste momento a rã que quer atravessar o rio, levando no dorso o escorpião que a morderá, pedindo este depois desculpa, porque tal corresponde à sua natureza. O país é que não devia ser sujeito a isto.

Professor da Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa
Escreve à terça-feira