Imóveis. Portugal sem margem para aumentar preços

Imóveis. Portugal sem margem para aumentar preços


Somos o destino preferencial de dois dos países que mais investem em habitação no estrangeiro


“Portugal não tem margem, em termos de capacidade aquisitiva, para aumentar de forma significativa os preços da habitação residencial.” A afirmação é de Ricardo Sousa, administrador da Century 21 que, sustentado pelo estudo “Housing Global Trends” da mediadora em colaboração com a Confidencial Imobiliário, considera ainda que “o mercado imobiliário nacional está ajustado ao poder de compra das famílias portuguesas”, apesar de ser bastante atractivo para os clientes estrangeiros. 

Além do facto de não ser expectável que os valores dos imóveis venham a aumentar fortemente a médio prazo, Portugal já é identificado como o destino preferencial de dois dos países que mais investem em habitação residencial no estrangeiro: China e Reino Unido. Contudo, “outros países como o Brasil, a Alemanha e, particularmente, a França, referem também o nosso país como destino de eleição para a aquisição de imóveis”. Para Ricardo Sousa, estas tendências são fáceis de explicar: “Os países mais turísticos são os mais globalizados e tendem a ser os primeiros a serem eleitos como destinos residenciais.” No caso da China, o investimento em Portugal é justificado quer pela diversidade dos investimentos dos seus activos, quer pelo interesse em receber uma educação ocidental ou ainda pela possibilidade de aceder ao programa dos vistos gold.

Os estrangeiros procuram Portugal para comprar casa, mas os portugueses não se aventuram em aquisições de imóveis fora do seu país: “Somos um país vendedor, sendo pouco expressivas as transacções de compra de portugueses no exterior”, considera o administrador da Century 21, acrescentando que neste campo se destacam apenas as transacções de cidadãos nacionais que se deslocam mais por motivos profissionais do que por razões de investimento. De qualquer modo, “Brasil e Espanha são dois destinos que chamam a atenção”. 

Quando o tema são transacções imobiliárias, o tamanho importa. São países como os Estados Unidos, o Canadá e o Reino Unido que dominam o número total de negociações e, como explica Ricardo Sousa, “torna-se claro que Portugal terá de definir um posicionamento estratégico a nível global para atrair os nichos de mercado para a oferta” de que dispõe. 

Transacções No estudo, que analisou as actuais dinâmicas e o perfil residencial internacional de 81 cidades e regiões de todo o mundo, concluiu-se que os Estados Unidos são o país mais referido em termos de atracção de compradores, tanto a nível local como da Europa e da Ásia. Outro país com grande destaque é o Reino Unido: “Deve-se, em grande medida, ao facto de estes dois países terem as capitais mais importantes do mundo a nível turístico, bem como a nível de atractividade enquanto cidades financeiras e de negócios.” 

Quanto a outras tendências do sector imobiliário a nível mundial, Ricardo Sousa destaca que a tecnologia, a conectividade e os movimentos socioculturais “estão a transformar o mercado residencial, tornando-o cada vez mais global, tendo em conta o elevado número de países que estão a registar um significativo nível de transacções com diferentes nacionalidades”, remata.