A Igreja de São Cristóvão, no coração da Mouraria, faz parte da lista mundial de monumentos em perigo e a salvaguardar. O monumento, que tem estado a ser restaurado com a ajuda de donativos, venda de telhas e campanhas de crowdfunding na internet, surge na lista da World Monuments Watch 2016 – um projecto internacional que identifica, vigia e defende estruturas históricas em perigo – divulgada no dia 15.
É a primeira vez que um edifício religioso português integra a lista, feita por peritos do World Monuments Fund (WMF), uma organização independente e que se dedica à preservação de património em todo o mundo. E a igreja da Mouraria não é o único monumento português seleccionado por estar em risco. Também o Aqueduto da Água da Prata, em Évora, surge na lista – que integra ainda outros 48 locais arquitectónicos a precisar de conservação em 36 países.
A Igreja de São Cristóvão, justifica o WMF, é “uma rara sobrevivente do sismo de 1755 em Lisboa que precisa agora de ser conservada para que o seu esplendor seja restaurado”. Quanto ao aqueduto, os peritos que seleccionaram os 50 monumentos a vigiar no próximo ano realçam que é necessária uma intervenção para o preservar “e que ao mesmo tempo o mantenha em funcionamento para irrigar parques e jardins”.
um milhão de euros O restauro da igreja de Lisboa custa aproximadamente um milhão de euros e o padre responsável, Edgar Clara, conseguiu vencer o orçamento participativo da câmara municipal, o que permitiu lançar o projecto de marketing cultural “Arte por São Cristóvão”, destinado a divulgar este património em Portugal e no estrangeiro e que arrancou no início deste ano. Ao mesmo tempo foi também lançada uma campanha de crowdfunding na internet para angariar dinheiro – cinco mil euros urgentes – para restaurar o maior dos 44 painéis da autoria de Bento Coelho da Silveira, datados do século XVII e que revestem a quase totalidade das paredes da igreja setecentista – uma das poucas de Lisboa que sobreviveram ao terramoto de 1755.
Por outro lado, e como o telhado está prestes a meter água, está em curso há já alguns meses uma venda de telhas liderada pelo padre: há sete mil à venda e cada uma custa 20 euros. A inclusão da igreja na lista do WMF é, segundo Edgar Clara, “uma oportunidade única para a promover a nível nacional e internacional”.