Presidente da Polónia diz que refugiados podem ter doenças. “Temos de proteger os polacos”

Presidente da Polónia diz que refugiados podem ter doenças. “Temos de proteger os polacos”


Polónia aceitou receber 5 mil refugiados, contra a vontade do partido conservador e populista a que pertence o presidente Duda.


O presidente conservador da Polónia, Andrzej Duda, receia que os migrantes possam ser portadores de epidemias, sublinhando que o governo “deve proteger os polacos”.

“Se o governo está de acordo em relação ao acolhimento dos migrantes deve dizer se está disposto a fazer face a todas as circunstâncias, ou seja: se os polacos estão bem protegidos contra os riscos epidemiológicos”, afirmou este domingo o chefe de Estado à estação de televisão polaca TVN24.

“A segurança dos cidadãos é a questão mais importante”, disse Duda referindo-se “à segurança material, física e sanitária”.

Na semana passada, Jaroslaw Kaczynski o líder do partido conservador e populista Direito e Justiça, de que faz parte o presidente Duda, falou de preocupações semelhantes.

Kaczynski referiu-se à epidemia de “cólera nas ilhas gregas” e “à disenteria em Viena”, tendo sublinhado que os “migrantes podem vir a ser portadores de todo o tipo de parasitas”.

“Entre eles (refugiados) os parasitas podem não ser perigosos, mas podem vir a ser perigosos para as populações locais”, afirmou o dirigente do Partido do Direito e da Justiça.

As declarações de Kaczynski foram feitas junto a um centro de refugiados onde também exigiu que o Executivo centrista de Ewa Kopacz deve dizer como pretende “defender os polacos”.

As declarações provocaram fortes críticas na imprensa e junto dos políticos polacos, que recusaram a “linguagem de ódio própria da propaganda nazi que acusava os judeus de serem portadores de tifo”.

Apesar das reticências em relação ao acolhimento de refugiados – a maior parte refugiados sírios vítimas da guerra civil – a Polónia acabou por aceitar receber cinco mil das 120 mil pessoas que vão ser repartidas pelos 28 Estados membros da União Europeia.

A oposição, do partido de Jaroslaw Kaczynski, disse que a decisão do Executivo foi tomada “sem o consentimento dos polacos”.

Lusa