Ao invés de conduzir uma "defesa activa e intransigente do interesse nacional", que deveria estar acima dos "interesses partidários".
Em conferência de imprensa dada esta tarde em Lisboa, Henrique Neto debruçou-se sobre o actual momento político de Portugal e diz que, caso fosse Presidente da República, estaria a agir de forma diferente da de Aníbal Cavaco Silva.
"Infelizmente, o actual Presidente da República, em vez de procurar promover uma solução política forte, tornou-se ele próprio, voluntariamente, mais uma componente da crise política, incapaz de assumir uma posição firme de exigência às lideranças partidárias", vincou.
Henrique Neto disse ver o actual momento político com "profunda preocupação", e nesta fase é exigida aos partidos, chefe de Estado e actuais candidatos presidenciais "uma postura de defesa activa e intransigente do interesse nacional, acima dos interesses partidários".
Caso estivesse em Belém, Henrique Neto disse que após as legislativas de 04 de Outubro teria chamado "conjuntamente" o líder da coligação Portugal à Frente (PaF), Pedro Passos Coelho, e o líder do PS, António Costa.
Nesse encontro, diria a Passos e Costa que ambos têm a "enorme responsabilidade política, ética e histórica" de "alcançar um consenso para a governação estável e consequente do país nos próximos quatro anos".
O objectivo maior, prosseguiu, seria o de ser acordada uma "estratégia de médio prazo para Portugal, criadora das condições para o crescimento económico, o combate ao desemprego, e em reduzir as desigualdades e roturas sociais agravadas pela austeridade".
Passos e Costa teriam dez dias para apresentar um acordo político a Henrique Neto e, caso falhassem no entendimento, haveria uma segunda solução onde seriam chamados a Belém "os restantes partidos" no sentido de se perceber a sua eventual cooperação numa solução de Governo com PSD/CDS-PP ou com o PS, desígnio sempre em compatibilidade com a Constituição.
"Se vier a ser eleito apresentarei a todos os partidos até final de 2016 uma proposta de bases e uma metodologia para a construção de uma convergência política nacional alargada aos parceiros sociais, para assegurar patrioticamente as reformas prioritárias que a democracia portuguesa tem de enfrentar e que não tem havido a coragem de concretizar", sublinhou Henrique Neto.
A cultura do consenso, insistiu, "é essencial em democracia", mas também o é "a capacidade de liderança, o sentido de Estado e a pedagogia da boa governação".
Henrique Neto, ex-deputado do PS e empresário, de 78 anos, foi o primeiro a anunciar a candidatura à Presidência da República, a 25 de Março.
Crítico dos governos socialistas de José Sócrates, em Janeiro, Henrique Neto subscreveu o manifesto "Por uma democracia de qualidade", entregue ao Presidente da República e que pedia uma reforma do sistema eleitoral.
Lusa