© Steven Governo/Lusa
Enquanto alguns se babam por um governo comunista e aquela “coisa” de António Costa e outros se afligem, muito prontamente, com o engano de um apresentador de telejornal, esquecemos o facto mais importante das últimas eleições: o PAN elegeu um deputado!
Esqueça o radicalismo do BE e do PCP em relação à NATO e ao euro e desengane-se: o PAN não é só um fervoroso defensor das árvores e dos bichinhos, o que até se compreende como estratégia de afirmação política; o seu verdadeiro intento é “transformar a mentalidade e a sociedade portuguesa e contribuir para a transformação do mundo de acordo com os fundamentais valores éticos e ambientais”. Ficará cumprido o sonho de qualquer candidata a miss universo?
Depois de quatro anos de grandes amarguras para os portugueses, 74 752 votaram num partido cujo “desígnio maior” é “defender o ambiente em que estamos”, segundo o deputado eleito.
Mas, pondo de parte os direitos da natureza e dos animais, esquecendo, portanto, que o direito é produzido pelos homens e para os homens, que é um produto cultural emanado dessa propriedade específica do homem, o programa eleitoral do PAN é rico em propostas como a inclusão dos animais no agregado familiar, distribuir gratuitamente copos menstruais em consultas de planeamento familiar para diminuir a poluição e o desperdício de recursos (p. 45), implementar o sistema de partilha de horas diárias entre o vitelo e a progenitora (p. 33) e, num rasgo de autoritarismo ou marxismo animal, como já lhe vi chamar, regulamentar melhor e de uma forma mais restrita a publicidade alusiva a produtos não saudáveis ou com impactos negativos na saúde (p. 52).
As preocupações com o ambiente são absolutamente legítimas. O problema é quando isso se converte numa bandeira ideológica e num radicalismo holístico do ambientalismo tradicional que impede o debate construtivo sobre o tema – o que, infelizmente, acontece com os partidários da deep ecology, à semelhança do lóbi da ideologia do género para o qual, afinal, interessam as diferenças entre “ele” e “ela” e não apenas a felicidade do indivíduo, como ficámos a saber com o episódio Quintanilha.
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