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Não vale a pena ter ilusões. Apesar da perplexidade do país, da indignação na coligação, da oposição do Presidente e do abandono de boa parte do PS, António Costa não vai desistir da sua estratégia suicidária de formar um governo com o PCP e o BE.
A explicação é simples: depois de ter derrubado Seguro por ter tido uma vitória por “poucochinho”, António Costa não quer aparecer no congresso do PS como aquele que teve uma derrota por muitos, já que isso implicaria a sua morte política.
António Costa só tem uma hipótese de sobrevivência, que é apresentar-se no congresso como primeiro-ministro. Para conseguir isso destruirá o PS e o próprio país, mas no curto prazo sobreviverá no seu partido, especialmente devido aos inúmeros lugares que poderá distribuir pelos militantes.
O país irá ter, assim, um governo de frente popular, durante seis meses, que reverterá todas as medidas do governo anterior. O que se seguirá depois é óbvio: juros a disparar, ausência de financiamento externo, colapso do sistema bancário e provável novo resgate.
Nessa altura, António Costa ir-se-á embora, como Sócrates foi, mas haverá sempre alguém dessa linha no seu partido a pedir que se respeite a sua herança e a propor o derrube do novo secretário-geral que queira reparar os danos causados.
António Costa que forme então o novo governo PS/PCP/BE e junte até o PEV e o PAN para compor o ramalhete. Parafraseando Mário Soares nos seus bons tempos, no dia em que esse governo tomar posse, nem um castiçal cá fica.
Professor da Faculdade de Direito de Lisboa
Escreve à terça-feira