Cavaco Silva encarregou ontem Passos Coelho de “desenvolver diligências com vista a avaliar possibilidades de constituir um governo que assegure a estabilidade política e a estabilidade do país”.
Depois do encontro em Belém com o líder do PSD, partido mais votado no domingo, o Presidente fez uma curta declaração ao país na qual chamou o PS à responsabilidade de viabilizar um novo governo “estável e duradouro” e de aprovar o Orçamento do Estado, “um instrumento decisivo para a sustentabilidade financeira”.
“É fundamental que seja agora formado um governo estável e duradouro como acontece em todas as democracias”
Segundo o Presidente, “o governo a empossar deverá dar garantia de que respeitará os compromissos internacionais assumidos pelo Estado e as grandes opções estratégicas”. Ora, por isso mesmo, excluídos do diálogo estão PCP e BE, na medida em que nestes partidos não “existe a observância das obrigações decorrentes da participação nas organizações internacionais, como a NATO, e a adesão plena à União Europeia e à zona euro”.
Com a solução governativa nas mãos do PSD, CDS e PS, Cavaco sublinhou que “cabe aos partidos políticos revelar abertura ao compromisso com sentido de responsabilidade”.
“Que fique claro que, nos termos da Constituição, o PR não pode substituir-se aos partidos no processo de formação do governo”
O Presidente notou ainda que a “cultura do diálogo e da negociação deve estar sempre presente neste novo ciclo” em que nenhuma das forças políticas que foram a votos conseguiu somar uma maioria absoluta. “Como acontece em todas as democracias europeias, cabe aos partidos políticos revelar abertura ao compromisso com sentido de responsabilidade”, disse Cavaco Silva.
O Presidente lembrou os termos da Constituição para clarificar que “não pode substituir–se aos partidos no processo de formação do governo – e eu não o farei”, garantiu. Mas Cavaco Silva dramatizou a necessidade de cada uma das forças partidárias pôr em “primeiro lugar o superior interesse nacional”.
“Portugal deve seguir uma trajectória sustentável de crescimento da economia e criação de emprego que permita a eliminação dos sacrifícios que foram exigidos aos portugueses”
“[No governo a empossar deve existir] a observância das obrigações decorrentes da participação nas organizações internacionais, como a NATO, e a adesão plena à União Europeia e à zona euro”
Acordo de governo Cavaco Silva vai deixar agora que os partidos se entendam. Será o próprio líder do PSD a conduzir a aproximação a António Costa, com vista a identificar os pontos de convergência entre os dois partidos. O acordo de governo entre PSD e CDS é assinado hoje, em Lisboa, por Passos Coelho e Paulo Portas.
“Logo que possível”, segundo apurou o i, Passos irá pessoalmente procurar abrir o diálogo com o líder do PS. Cavaco não tem pressa. Prefere antes que Passos regresse a Belém com uma solução que garanta estabilidade ao próximo governo, do qual será líder.