FIFA. O último a sair que apague a luz

FIFA. O último a sair que apague a luz


Organismo mundial confirma suspensão de Blatter, Platini e Valcke e bane Mong-joon Chung, mas queda do castelo de cartas parece longe de acabar.


A FIFAé uma bomba-relógio prestes a explodir. Depois da recomendação do Comité de Ética, o organismo mundial confirmou a suspensão por 90 dias do presidente Joseph Blatter, do vice-presidente e candidato à liderança Michel Platini e do secretário-geral Jérôme Valcke.

O trio está proibido de ter qualquer envolvimento em actividades relacionadas com o futebol, a nível nacional e internacional, durante este período enquanto as investigações decorrerem e poderão ser obrigados a cumprir um período adicional de 45 dias.

Neste momento, a medida é válida até 6 de Janeiro (cinco dias antes da atribuição da Bola de Ouro), mas o prolongamento poderá levar a data até 20 de Fevereiro, apenas seis dias antes do congresso que decidirá quem sucede a Blatter na presidência.

Michel Platini, considerado o candidato mais forte a ocupar o lugar, sofre assim um revés na luta pelo cargo (federações inglesa e francesa reiteraram apoio) e fica automaticamente proibido de estar presente no sorteio da fase de grupos do Euro-2016 emParis.

O francês de 60 anos foi arrastado para a polémica na sequência do inquérito criminal aberto pela Procuradoria-Geral da Suíça devido a um alegado pagamento de Blatter a Platini na ordem dos 1,8 milhões de euros. O valor foi entregue em Fevereiro de 2011 e está relacionado com o cargo que desempenhou como conselheiro técnico entre 1999 e 2002.

A mão pesada da FIFA vai muito além do trio mais mediático. O sul-coreano Mong-joon Chung, antigo vice-presidente e actual candidato, foi banido por seis anos e condenado a pagar 100 mil francos suíços (cerca de 91 mil euros) por violar as regras de conduta durante a campanha para a organização do Mundial-2022. Com os homens do poder a caírem uns atrás dos outros, o cargo de presidente interino será ocupado pelo presidente da CAF (Confederação Africana de Futebol) Issa Hayatou.

O camaronês é o vice-presidente com mais anos no organismo mas a experiência está longe de significar uma reputação imaculada. Candidato à presidência em 2002, perdeu na primeira recondução de Blatter com 56 contra 139 votos, e oito anos depois viu a sua imagem ser manchada por um relatório da BBC que o acusava de ter recebido subornos durante a década de 90 no âmbito da negociação dos direitos televisivos dos Mundiais.

O cerco apertou e em 2011 foi vítima de uma reprimenda do Comité Olímpico Internacional na sequência do mesmo caso. Se Hayatou vier a cair, o próximo na linha de sucessão interina é ÁngelVillar, que sucede para já a Platini na UEFA. Mais uma vez, a imagem não é limpa.

O espanhol está a ser investigado pelo Comité de Ética depois de se ter recusado a cooperar com o inquérito aberto à forma como foram atribuídos os Mundiais de 2018 (Rússia) e 2022 (Qatar).

A procissão ainda vai no adro e os casos prometem continuar a aparecer. Para já, Blatter lamenta não ter tido a oportunidade de apresentar a sua versão.