O suicídio do PS


Costa perdeu de vez toda a credibilidade que alguma vez teve.


© Mario Cruz/Lusa

No ano passado, o PS seguia embalado por duas sucessivas vitórias nas autárquicas e nas europeias. Seria, por isso, natural que os seus militantes dessem um voto de confiança à liderança e não embarcassem em aventuras. Caíram, no entanto, no canto de sereia de António Costa que garantia que essas vitórias “sabiam a poucochinho” e prometia um grande resultado eleitoral. 

Eleito líder, António Costa transformou o PS num partido de esquerda radical que se congratulava com a vitória do Syriza na Grécia, declarava apoio nas presidenciais ao esquerdista Sampaio da Nóvoa contra os seus próprios militantes e prometia reverter as reformas económicas feitas.

Com isso alienou o eleitorado do centro sem conseguir qualquer voto à esquerda. Por isso, no fim da campanha, o PS entrou em desespero total, garantindo que não iria deixar a coligação governar, rejeitando o seu orçamento ou mesmo o seu governo, ao mesmo tempo que vociferava contra a extrema--esquerda, chegando a proclamar que um voto nos seus partidos era um voto na coligação.

Na noite das eleições, com um PS completamente destroçado, seria de esperar que António Costa se demitisse. Mas este declarou ficar, considerando pelos vistos uma derrota por muitos melhor do que uma vitória por poucochinho. Só que desdisse o que tinha dito em campanha, declarando que, afinal, não iria rejeitar o governo da coligação. Com isso perdeu de vez toda a credibilidade que alguma vez teve.

Se António Costa continuar na liderança, assistimos ao suicídio do PS. 

Professor da Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa
Escreve à terça-feira 

O suicídio do PS


Costa perdeu de vez toda a credibilidade que alguma vez teve.


© Mario Cruz/Lusa

No ano passado, o PS seguia embalado por duas sucessivas vitórias nas autárquicas e nas europeias. Seria, por isso, natural que os seus militantes dessem um voto de confiança à liderança e não embarcassem em aventuras. Caíram, no entanto, no canto de sereia de António Costa que garantia que essas vitórias “sabiam a poucochinho” e prometia um grande resultado eleitoral. 

Eleito líder, António Costa transformou o PS num partido de esquerda radical que se congratulava com a vitória do Syriza na Grécia, declarava apoio nas presidenciais ao esquerdista Sampaio da Nóvoa contra os seus próprios militantes e prometia reverter as reformas económicas feitas.

Com isso alienou o eleitorado do centro sem conseguir qualquer voto à esquerda. Por isso, no fim da campanha, o PS entrou em desespero total, garantindo que não iria deixar a coligação governar, rejeitando o seu orçamento ou mesmo o seu governo, ao mesmo tempo que vociferava contra a extrema--esquerda, chegando a proclamar que um voto nos seus partidos era um voto na coligação.

Na noite das eleições, com um PS completamente destroçado, seria de esperar que António Costa se demitisse. Mas este declarou ficar, considerando pelos vistos uma derrota por muitos melhor do que uma vitória por poucochinho. Só que desdisse o que tinha dito em campanha, declarando que, afinal, não iria rejeitar o governo da coligação. Com isso perdeu de vez toda a credibilidade que alguma vez teve.

Se António Costa continuar na liderança, assistimos ao suicídio do PS. 

Professor da Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa
Escreve à terça-feira