Passos Coelho e Paulo Portas cumpriram esta sexta-feira a tradicional descida do Chiado. Marcelo Rebelo de Sousa, que esperou os líderes da coligação Portugal à Frente no Lardo do Carmo, para uma manifestação de apoio, não participou na arruada mas Santana Lopes, que chegou ao Carmo com Passos e com Portas, fez questão de entrar na "bolha" de segurança onde estavam metidos os líderes do PSD e do CDS, além de Rui Machete, Paula Teixeira da Cruz, Sérgio Monteiro, Pires de Lima ou Assunção Cristas.
No último dia de campanha para as eleições de domingo Pedro e Paulo levaram um banho de multidão na capital. É certo que a máquinas dos dois partidos não deixaram nada ao acaso – trataram de mobilizar militantes e simpatizantes – mas à passagem do primeiro-ministro e do vice-primeiro-ministro não faltaram palavras de apoio espontâneas atiradas dos passeios da rua Garrett. Passos e Portas não ouviram. Continuaram a marcha demorada, com paragens a meio do percurso para cumprimentar aqueles que conseguiam furar a barreira humana de protecção, rumo à Praça da Figueira.
No Rossio, Maria Luís Albuquerque, com o marido e os filhos, esperava a aproximação dos líderes da PàF. O percurso foi curto mas lento. Na emblemática praça de Lisboa, onde estava montado um palco, com bancadas laterais, ecrãs gigantes, centenas de pessoas já aguardavam a chegada dos candidatos. Passos e Portas não passaram por Lisboa durante as duas semanas de campanha oficial mas Lisboa nem por isso lhes negou uma última demonstração de apoio. Passos e Portas tiveram casa cheia e isso deu-lhes força para insistir na maioria absoluta.
O primeiro a fazer o derradeiro apelo ao voto na coligação foi Portas. O líder do CDS, numa intervenção claríssima, tratou de repetir a equação que o acompanhou e ajudou a estruturar o discurso nas duas semanas de campanha: "Foram os socialistas que chamaram a troika; foram os socialistas que assinaram o memorando; foram os socialistas que pediram o resgate. O PS criou o problema. Não queremos voltar a 2011 e queremos proteger a recuperação que já temos em 2015". E avançou para o pedido de maioria absoluta: "A coligação governa ao centro. O PS abriu as portas aos Syrizas cá do sítio para poder ser poder. Vamos dar cabo da confiança? Dêem-nos os meios para poder aplicar o nosso programa".
Passos, a fechar o comício no centro de Lisboa, fez um discurso onde puxou bastante pela emoção e tentou, mais uma vez, mostrar o projecto da coligação para convencer os indecisos. "Estamos a chegar ao fim da nossa campanha. Mas não é ao fim da nossa caminhada. Este projecto é para mais quatro anos". Chamou pelo patriotismo e fez auto-crítica.
"Podemos não ter feito tudo bem. Mas pusemos sempre Portugal à Frente". Depois picou o PS. "É muito importante que o país não espere para segunda-feira para saber se tem ou não estabilidade". E lá pediu o voto: "Por favor, não vamos voltar para trás. Precisamos do vosso apoio". Para chegar à maioria, insistiu Passos. "Fará sentido que alguém que tivesse perdido as eleições formasse governo no dia seguinte? A vontade dos portugueses deve ser respeitada. Dêem-nos condições para governar", pediu. E para os que pensam que isto se ganha nas sondagens, Passos apelou à multiplicação, convencendo os indecisos. "Até domingo ninguém ganhou. É assim a democracia".