De viajantes do mundo a líderes de viagem – entrevista Marisa Guerreiro [FOTOS]

De viajantes do mundo a líderes de viagem – entrevista Marisa Guerreiro [FOTOS]


A Marisa é uma sonhadora.


A sua vontade de explorar o Mundo começou em pequena, quando fugia do bairro onde vivia no Alentejo para ir explorar o monte dos seus avós a alguns kms de distância. Mais tarde, a paixão pelos animais e pela conservação da natureza falaram mais alto e lançou-se numa licenciatura em Ecoturismo. Em 2010, viajou para o Pantanal onde durante três meses abraçou o projeto de conservação da arara-azul. Regressou uma pessoa diferente e desde essa altura que viajar é a maior prioridade da sua vida. Já foi guia de natureza e tratadora de animais selvagens mas a paixão pelas viagens fizeram-na abraçar um novo desafio profissional na Nomad. Viaja para abrir os olhos para todas as realidades do Mundo, para conhecer o "outro" como ele é para além das ideias pré-feitas e das muitas barreiras e muros que a distância e a ignorância constroem.

Acabada de integrar a agência, a nova gestora de viagens Nomad responde às perguntas do líder Nomad Mateus Brandão.

Diz-se por aí que ser parte da equipa Nomad é uma das melhores profissões do mundo. Quão sortuda te definirias?

Sinto-me muito sortuda por integrar esta equipa maravilhosa de pessoas apaixonadas por aquilo que fazem. Ser parte da equipa Nomad não é apenas um trabalho, mas sim um estilo de vida. É fantástico estar rodeada de pessoas apaixonadas pela vida, por viajar, explorar, conhecer outras culturas, outros povos e partilharem essas experiências de forma inspiradora.

Qual a coisa que mais aprecias na humanidade?

A solidariedade. Adoro pessoas que ajudam os outros e não esperam nada em troca.

E que 'qualidade pessoal' tens esperança de sair reforçada com as tuas viagens?

A humildade.

Qual a tua estação do ano preferida e onde?

A Primavera no meu querido Alentejo.

Dirias ser esse o teu lugar de eleição ou, de todos os sítios por onde tens passado, onde não te importarias de viver e porquê?

Considero-me uma cidadã do Mundo, por isso não crio raízes em lugar algum. Gosto de acreditar que posso viver em qualquer sitio, em qualquer altura da minha vida. Isso faz-me sentir livre!

Como descreverias a cor azul a uma pessoa cega?

Tentaria fazer uma ligação emocional à cor, uma vez que, tal como nós, as pessoas cegas associam cores a certas coisas e sentimentos. Diria que o azul é a cor da tranquilidade, da paz de espírito, do céu e das ondas do mar. É a cor do infinito, que nos faz sentir descontraídos e calmos.

Qual foi o último presente trazido de uma viagem que ofereceste a alguém?

Não me recordo do último porque não tenho por hábito trazer presentes de viagem, mas as poucas vezes que o faço opto por lembranças feitas à mão pelas comunidades locais.

Quais as últimas cinco coisas que fazes antes de partir em viagem?

Certificar-me que tenho na mala tudo o que preciso (mas somente o estritamente necessário). Verificar se tenho todos os meus documentos pessoais e cartões de embarque (incluindo fotocópias na mochila e digitalizados no email). Planear onde vou levar o dinheiro (Como gosto de levar algum dinheiro vivo, costumo dividi-lo e colocá-lo em diferentes sítios). Faço sempre um lanche/almoço generoso para levar. Ligo sempre aos meus pais quando já estou no aeroporto.

Concordas com a ideia de que viajar pode ser terapêutico?

Concordo, porque quando viajamos entramos num estado de espírito que favorece boas experiências mesmo que durante a viagem não estejamos livres de preocupações. Viajar faz-nos bem ao corpo, à mente e ao espírito, pois é sinónimo de liberdade. Viajar faz-nos repensar a vida e colocar as nossas preocupações e relações com os outros em perspectiva. Faz-nos perceber que o Mundo é grande e que somos apenas seres transitórios e que metade dos nossos medos, ansiedades e problemas não merecem o tempo e atenção que muitas vezes teimamos em lhes dar. Acho mesmo que viajar pode ser terapêutico e afinal de contas, num consultório não se sente o vento no rosto nem se vê o céu estrelado…

Quais os últimos 3 livros que leste?

“Alma de Viajante” do Filipe Morato Gomes; “A Felicidade de perseguir os seus sonhos# de Chris Guillebeau e “Dentro do Segredo (Uma viagem na Coreia do Norte)” do José Luís Peixoto.

Alain de Botton escreve sobre a ‘arte de viajar’. Partilhas dessa opinião de que viajar pode ser uma arte?

Não acho que seja propriamente uma arte, mas considero que nem todos têm a coragem de viajar, especialmente por medo do desconhecido. Partir por exemplo numa viagem de exploração e aventura, significa deixarmos a nossa zona de conforto e abdicarmos de muitas outras coisas para o podermos fazer – e isso implica muitas vezes algum exercício emocional e saber 'não complicar'. Viajar significa enfrentar medos e isso faz-nos conhecer outras partes de nós (e dos outros) e do que somos capazes de fazer no Mundo. Acho que ser capaz disso talvez seja a maior arte de todas.

Quando tiveres 80 anos, o que contarás aos teus filhos?

No futuro contarei aos meus filhos sobre como foi viver em pleno a vida, lutando contra tudo e todos para viver os meus sonhos e em como isso valeu tanto a pena. Contarei sobre como foi trocar muitas vezes o certo pelo incerto para seguir a felicidade e o coração e em como não me arrependo de um único passo. Contarei sobre a minha paixão pelas viagens, pelas pessoas, pela natureza, pela liberdade, pela solidariedade, pela curiosidade e pelas aventuras vividas… tudo em nome do amor pelo Mundo! E contarei sobre como tive uma vida tão cheia de sentimentos puros criados pelas experiências vividas que dinheiro algum consegue pagar. Direi aos meus filhos que ser feliz é o que importa e contarei ainda sobre como a vida é pequena e o Mundo é grande para não o aproveitarmos.

 

Artigo escrito por Mateus Brandão ao abrigo da parceria entre a Agência de Viagens de Aventura Nomad  (www.nomad.pt) e o Jornal i.