Voto útil


Mas não chegámos ao fim da história. A questão é saber se vamos continuar a jogar para o empate numa partida em que estamos a perder. 


© Hugo Delgado/Lusa

Sondagens, Sócrates, gafes, estatísticas, ratings, pedidos de maioria absoluta, cenários pós-eleitorais… Será o que mais interessa para decidir o sentido de voto? Não. Mas é o que enche as notícias. A violenta despolitização a que estamos sujeitos é o braço armado da política de inevitabilidades. A trupe das PPP, privatizações, SWAP e demais grandes negociatas com o Estado esconde-se atrás dos fait divers de campanha à espera da estabilidade que o próximo governo lhes trará.

Nesta campanha já não há partido que assuma a manutenção das políticas de austeridade mas 3/4 dos cidadãos que se deslocarem às urnas preparam-se para votar nos que têm escondidos futuros cortes. Não se discute o Tratado Orçamental pois ficar-se-ia a perceber quem está disponível para dar mais um passo na entrega da soberania agrilhoando as escolhas do país. A maioria que se indigna com o sistema corrupto, prepara-se para deixar ser eleito quem nada fará para o combater. A estabilidade do sistema implica que a democracia seja cada vez mais uma efeméride electiva de quatro em quatro anos precedida de umas semanas de embuste e folclore.

Mas não chegámos ao fim da história. A questão é saber se vamos continuar a jogar para o empate numa partida em que estamos a perder. É fácil lamentarmo-nos pelo facto de não aparecer uma força política insurgente com possibilidade de constituir uma alternativa ao poder actual. Mas será que ajuda continuar a votar no menos mau?

Paremos de nos queixar dos partidos. Nenhum defenderá exactamente o que cada um pensa, mas se queremos soluções diferentes temos de arriscar votar diferente. Derrotemos as sondagens. Voto útil é o que não repete as soluções, é o que decide a alternativa, é o que dá voz ao protesto. Se não estamos contentes com o país, façamos a nossa parte. Tenhamos coragem de abrir a porta à construção de uma nova realidade.

Escreve à segunda-feira 

Voto útil


Mas não chegámos ao fim da história. A questão é saber se vamos continuar a jogar para o empate numa partida em que estamos a perder. 


© Hugo Delgado/Lusa

Sondagens, Sócrates, gafes, estatísticas, ratings, pedidos de maioria absoluta, cenários pós-eleitorais… Será o que mais interessa para decidir o sentido de voto? Não. Mas é o que enche as notícias. A violenta despolitização a que estamos sujeitos é o braço armado da política de inevitabilidades. A trupe das PPP, privatizações, SWAP e demais grandes negociatas com o Estado esconde-se atrás dos fait divers de campanha à espera da estabilidade que o próximo governo lhes trará.

Nesta campanha já não há partido que assuma a manutenção das políticas de austeridade mas 3/4 dos cidadãos que se deslocarem às urnas preparam-se para votar nos que têm escondidos futuros cortes. Não se discute o Tratado Orçamental pois ficar-se-ia a perceber quem está disponível para dar mais um passo na entrega da soberania agrilhoando as escolhas do país. A maioria que se indigna com o sistema corrupto, prepara-se para deixar ser eleito quem nada fará para o combater. A estabilidade do sistema implica que a democracia seja cada vez mais uma efeméride electiva de quatro em quatro anos precedida de umas semanas de embuste e folclore.

Mas não chegámos ao fim da história. A questão é saber se vamos continuar a jogar para o empate numa partida em que estamos a perder. É fácil lamentarmo-nos pelo facto de não aparecer uma força política insurgente com possibilidade de constituir uma alternativa ao poder actual. Mas será que ajuda continuar a votar no menos mau?

Paremos de nos queixar dos partidos. Nenhum defenderá exactamente o que cada um pensa, mas se queremos soluções diferentes temos de arriscar votar diferente. Derrotemos as sondagens. Voto útil é o que não repete as soluções, é o que decide a alternativa, é o que dá voz ao protesto. Se não estamos contentes com o país, façamos a nossa parte. Tenhamos coragem de abrir a porta à construção de uma nova realidade.

Escreve à segunda-feira