“Ouvi-me, vós que conheceis a justiça, povo em cujo coração está a minha lei; não temais o opróbrio dos homens, nem vos turbeis pelas suas injúrias”.
Bíblia (Livro de Isaías)
A primeira semana de campanha eleitoral viveu um incidente tristemente revelador da transferência do poder de informar dos jornalistas para outras áreas da comunicação, concretamente o entretenimento.
A frase “Morte aos Traidores!”, impressa nos cartazes do MRPP, foi genialmente ridicularizada por Ricardo Araújo Pereira na sua rubrica integrada no Jornal Nacional da TVI, dando, de imediato, lugar a grande indignação e, por via dela, a decisão inesperada da direcção do MRPP de retirar a frase dos cartazes.
Garcia Pereira, o rosto do partido, anunciou a decisão com uma tirada fantástica, em que aplicou o termo opróbrio, que significa infâmia, vergonha ou vexame, sem querer especificar a que traidores se dirigia.
Se os jornalistas estivessem atentos, não precisavam de andar, mais uma vez, atrás de Ricardo Araújo Pereira e de fazer perguntas cuja resposta deviam conhecer.
Bastava olhar para os cartazes do MRPP nos últimos anos e teriam lido: “Morte à Tróica”,
“Morte ao governo de traição nacional”, para não recuar mais no tempo.
Será que ninguém tinha reparado?
O opróbrio atinge o jornalismo distraído, desmemoriado e incompetente.
Escreve à segunda-feira