Do maior almoço de sempre do Bloco veio a garantia: “PS é a desilusão destas eleições”

Do maior almoço de sempre do Bloco veio a garantia: “PS é a desilusão destas eleições”


 Catarina Martins endureceu o seu discurso contra o PS num almoço que juntou cerca de  duas mil pessoas no Pavilhão Atlântico. Pedro Filipe Soares lançou farpas ao PCP por não ter seguido o Bloco ao Tribunal Constitucional, aquando dos cortes das pensões e salários propostos pelo governo de Passos Coelho.


"E quanto ao PS… é preciso reconhecer que  é a desilusão destas eleições". A pausa no discurso da líder do Bloco de Esquerda (BE) Catarina Martins fazia antever as palavras mais arrasadoras feitas até hoje contra António Costa. A bloquista apelidou o PS de "aflito", que "pede maiorias absolutas para um programa que não é capaz de explicar", recusando sentar-se à mesa com o Bloco, por já "ter compromissos com a austeridade nos próximos 20 anos", disse. A maioria absoluta pedida por Costa, segundo Catarina Martins, não tem outro fim se não o de "pedir poder absoluto para facilitar despedimentos, congelar pensões ou descapitalizar a Segurança Social" em vez de fazer um compromisso "com a esquerda para salvar o país da austeridade", argumentou. A porta-voz do BE esteve este Domingo naquele foi o "maior almoço do partido de sempre", que contou com a presença de duas mil pessoas no Pavilhão Atlântico e dos pesos pesados do partido: Fernando Rosas, João Semedo e Francisco Louçã. 

E como tem sido habitual nesta primeira semana de campanha, Catarina Martins desmistificou o apelo do voto útil de PSD  e PS, o "nome artístico do Bloco Central", ironizou. Para exemplificar a expressão, a responsável máxima do BE falou de governos passados, como de António Guterres ou José Sócrates, para dizer que "todos os votos úteis do passado foram as maiorias absolutas para atarcar as nossas vidas", afirmou. Largando o passado para atacar os líderes do presente, Catarina fez uso da música "amigos para siempre": "tanto a direita como a esquerda têm dito 'nós ou o caos mas depois das elieções, será 'nós e o caos, amigos para sempre', rematou. A líder do BE pediu para que quem vote se "reconheça no voto", e isso só acontecerá se o eleitorado depositar a sua esperança no Bloco.

Catarina Martins também quis responder a Passos Coelho, depois deste ter dito que Costa está a preparar um "governo extremista", ou seja, uma coligação com PCP e BE. "Extremismos é governa contra a lei", contestou a líder bloquista, avisando a plateia do Pavilhão Atlântico que "não há uma nova coligação, quer ela se chame PAF ou PUF, aqui há o mesmo PSD e CDS de sempre".  

Este foi o mais longo discurso da também cabeça-de-lista pelo Porto ( 40 minutos) até agora, que serviu para lançar farpas em todas as frentes dos partidos com assento parlamentar, e reforçar o voto útil no Bloco

A "tampa" do PCP ao Bloco Se os ataques aos dois maiores partidos não era novidade, o distanciamento aos comunistas revelou também que os bloquistas estão longe de qualquer acordo com outras forças de esquerda. O número dois por Lisboa Pedro Filipe Soares foi o primeiro a discursar durante o almoço, e quis relembrar os pedidos de fiscalização aos orçamentos de Estado de 2011 e 2012  contra o corte de salários e pensões na função pública. "Levámos a tampa do PS e levámos a tampa do PCP, mas contra as lideranças parlamentares, arranjámos os deputados suficientes", afirmou o líder parlamenter do BE, recordando a ida ao TC dos oito deputados bloquistas, que foram acompanhados na altuar por 15 socialistas, sem o acordo do ex-secretário-geral do PS António José Seguro. As medidas do executivo de Passos acabaríam por ser consideradas incostitucionais, e Filipe Soares quis deixar claro quem o fez, atacando pela primeira vez na campanha do BE, o outro partido da oposição, o PCP.

Se este foi o maior almoço do Bloco, a arruada pelo Parque das Nações não quis ficar atrás, juntando cerca de 1600 pessoas.