Está visto. Os números divulgados esta quarta-feira pelo Instituto Nacional de Estatísticas foram um verdadeiro aditivo para António Costa que num jantar-comício em Vila do Conde atacou como nunca a coligação pelo falhanço na meta do défice de 2014. Costa lembrou mesmo que também o PS teve de acomodar nas contas públicas os submarinos de Paulo Portas e a “roubalheira dos amigalhaços do BPN”.
Os submarinos ainda não tinham emergido nesta campanha, mas hoje foi a noite. António Costa fez um discurso praticamente dedicado ao relatório das Contas Nacionais de 2014 e até começou de fora insólita, ao dizer que o défice que a coligação apresenta é “igual ao enorme défice que recebeu em 2011”, altura em que o PS deixou o executivo. “De nada valeu a política deste governo ao longo destes quatro anos”, conclui ao líder socialista.
Depois isto passou ao ataque cerrado com Portas como alvo, aproveitando as declarações do vice primeiro-ministro sobre a justificação para a derrapagem deste ano. “Ó Dr. Portas, e não era também um registo contabilístico quando o nosso défice aumentou porque tivemos de registar os submarinos que o senhor comprou?” Costa não ficou por aqui e logo de enfiada atirou: “E não era um mero registo contabilístico quando tivemos de juntar dinheiro para estabilizar o sistema bancário depois da roubalheira dos seus amigalhaços no BPN?”
Na coligação, durante o dia, a justificação para a derrapagem tinha sido a operação Novo Banco, com Passos a acrescentar que “quanto mais tempo demorar a vender o Novo Banco, mais juros o Estado recebe desse empréstimo”. “Quem é que quer enganar?”, questionou António Costa acusando o governo de estar “simplesmente a gastar dinheiro dos contribuintes para salvar um banco”.
Perante uma sala cheia de apoiantes para o jantar-comício do partido num restaurante de Vila do Conde, Costa fez ainda o ponto da situação à coligação de Pedro Passos Coelho e Paulo Portas dizendo que “é momento de falar preto no branco: parece uma dupla de ilusionistas. Transformam em mentira o que é verdade e em verdade o que é mentira”.