A minha vareta eleitoral


Para o PS ganhar por pouco ou um empate técnico nas urnas será uma derrota, com o inevitável espoletar das tensões até agora controladas.


© Jose Sena Goulao/Lusa

Restam oito dias de campanha eleitoral, e como escrevi na semana passada, o eleitorado militante já há muito que firmou o seu voto, a novela eleitoral tem sido mais do que previsível e entediante, o debate, o famoso e decisivo debate das televisões, não decidiu nada, e o das rádios foi mais influente do que os espertos admitiam.

O PCP, confiável, afirma-se como alternativa, o BE desmente as apressadas notícias sobre o seu falecimento, e o Livre está mais sujeito á generosa dependência da matemática do que do voto dos eleitores.

 O resto das forças que pela primeira vez se apresentam a sufrágio, só certificam que quantidade não é forçosamente qualidade e nem sequer podemos disfarçar a sua indigência com a generosidade corajosa de querer contribuir politicamente para melhorar as condições de vida da comunidade.

É que a juntar á falta de meios, que até se pode entender, soma-se a total ausência de conteúdos. É confrangedor escutar o que dizem porque nem articular são capazes, enão se envergonham.   

Para além do profético e demagogo Marinho, que corre em pista própria, a uns pândegos a tocar piano junto á torre de Belém, a sessões de nu integral, e outros a jurarem só querer salvar Portugal, é toda uma diversificada oferta de gente dissociada do real, apaixonados pelo reflexo, a viver na ténue linha que separa a normalidade do caos.

A estes, os eleitores atentos e sábios vão continuar a garantir a saúde da nossa democracia, precavendo que não passem das galerias.

Porém, já é possível avaliar o surgimento de fenómenos que sempre acompanham o tempo de eleições, bem como identificar cenários que começam a desenhar-se como prováveis após o escrutínio de quatro de Outubro.

Nenhuma força política conseguirá uma maioria absoluta. Já o sabem tanto a coligação como o PS, porém persistem, não porque tenham esperança em que tal aconteça, mas porque insistir numa maioria é garantir os mínimos necessários para a vitória.

O PS, não consegue passar uma mensagem de credibilidade e de alternativa. Mas de que estavam á espera os socialistas quando o líder do seu partido, afirma que entre ele e Ferreira Leite, a ex-ministra de Cavaco, que vivia obcecada com o deficit, existe uma identidade de pontos de vista? Curioso, não é entre Jerónimo de Sousa ou Catarina Martins, é com a ex-dirigente do PSD que ele se sente mais cómodo.

É natural que os portugueses não se sintam confortáveis em levar a sério um partido que se diz apresentar como alternativa, mas onde o dirigente da UGT, o socialista Carlos Silva, defende uma coligação com o PSD logo a seguir às eleições.    

A ideia de que as pessoas não têm memória politica, e que se pode sempre fazer tudo o que se quiser, e dizer o que se entender, sem olhar a meios, sem respeitar a sua dignidade e inteligência, é um erro político fatal.

António Costa pode estar cheio de pias intenções, mas o que todos lembram da sistemática prática política do PS, durante quase 40 anos de democracia, e sempre depois de pedir o voto para derrotar a direita, é que mal chegados ao poder, o primeiro que fazem é aliar-se á direita e dividirem com ela, o poder e os benefícios do aparelho de estado.

Para os portugueses, PS e PSD são duas faces da mesma moeda. Esta ideia tem muita força na rua e na opinião pública, para ela contribuiu decisivamente, a prática política do partido socialista.

Por isso, neste acto eleitoral, dramaticamente, o PS pode recolher o que andou a semear, e que para os portugueses, derrotar a direita, não signifique, necessariamente dar a vitória ao PS. Existem outras alternativas e não se esgotam neste acto eleitoral.

Para o PS, ganhar por pouco, ou um empate técnico nas urnas, será uma derrota, com o inevitável despoletar das tensões até agora controladas em nome do calculismo eleitoral.

Para a Coligação, perder por poucos ou o empate, será mesmo assim uma vitória, que dificilmente será contestada, considerando as políticas de austeridade impostas aos portugueses nos últimos anos. Neste quadro, o PSD pode ganhar as eleições.

Basta ver o caso de Margaret Thatcher em Inglaterra, ou o resultado recente do Syriza na Grécia, para entender que impor a austeridade não é um factor por si só decisivo para perder eleições.

Por isso, analistas da coisa eleitoral andam que nem loucos, desesperados, porque contra toda a lógica, e com sondagens, barómetros, bússolas, o PS não descola, e assim têm difícil optar pela postura mais adequada para com o antecipado ganhador.

É que isto da política de palavra dada, é para gente séria, não é para malta com gelatina em vez de músculo, e sound bytes em vez de alma.

Essa é a conclusão a que cheguei ao fim destes anos, com a minha modesta, mas cumpridora, vareta eleitoral 

Consultor de comunicação
Escreve à quinta-feira

A minha vareta eleitoral


Para o PS ganhar por pouco ou um empate técnico nas urnas será uma derrota, com o inevitável espoletar das tensões até agora controladas.


© Jose Sena Goulao/Lusa

Restam oito dias de campanha eleitoral, e como escrevi na semana passada, o eleitorado militante já há muito que firmou o seu voto, a novela eleitoral tem sido mais do que previsível e entediante, o debate, o famoso e decisivo debate das televisões, não decidiu nada, e o das rádios foi mais influente do que os espertos admitiam.

O PCP, confiável, afirma-se como alternativa, o BE desmente as apressadas notícias sobre o seu falecimento, e o Livre está mais sujeito á generosa dependência da matemática do que do voto dos eleitores.

 O resto das forças que pela primeira vez se apresentam a sufrágio, só certificam que quantidade não é forçosamente qualidade e nem sequer podemos disfarçar a sua indigência com a generosidade corajosa de querer contribuir politicamente para melhorar as condições de vida da comunidade.

É que a juntar á falta de meios, que até se pode entender, soma-se a total ausência de conteúdos. É confrangedor escutar o que dizem porque nem articular são capazes, enão se envergonham.   

Para além do profético e demagogo Marinho, que corre em pista própria, a uns pândegos a tocar piano junto á torre de Belém, a sessões de nu integral, e outros a jurarem só querer salvar Portugal, é toda uma diversificada oferta de gente dissociada do real, apaixonados pelo reflexo, a viver na ténue linha que separa a normalidade do caos.

A estes, os eleitores atentos e sábios vão continuar a garantir a saúde da nossa democracia, precavendo que não passem das galerias.

Porém, já é possível avaliar o surgimento de fenómenos que sempre acompanham o tempo de eleições, bem como identificar cenários que começam a desenhar-se como prováveis após o escrutínio de quatro de Outubro.

Nenhuma força política conseguirá uma maioria absoluta. Já o sabem tanto a coligação como o PS, porém persistem, não porque tenham esperança em que tal aconteça, mas porque insistir numa maioria é garantir os mínimos necessários para a vitória.

O PS, não consegue passar uma mensagem de credibilidade e de alternativa. Mas de que estavam á espera os socialistas quando o líder do seu partido, afirma que entre ele e Ferreira Leite, a ex-ministra de Cavaco, que vivia obcecada com o deficit, existe uma identidade de pontos de vista? Curioso, não é entre Jerónimo de Sousa ou Catarina Martins, é com a ex-dirigente do PSD que ele se sente mais cómodo.

É natural que os portugueses não se sintam confortáveis em levar a sério um partido que se diz apresentar como alternativa, mas onde o dirigente da UGT, o socialista Carlos Silva, defende uma coligação com o PSD logo a seguir às eleições.    

A ideia de que as pessoas não têm memória politica, e que se pode sempre fazer tudo o que se quiser, e dizer o que se entender, sem olhar a meios, sem respeitar a sua dignidade e inteligência, é um erro político fatal.

António Costa pode estar cheio de pias intenções, mas o que todos lembram da sistemática prática política do PS, durante quase 40 anos de democracia, e sempre depois de pedir o voto para derrotar a direita, é que mal chegados ao poder, o primeiro que fazem é aliar-se á direita e dividirem com ela, o poder e os benefícios do aparelho de estado.

Para os portugueses, PS e PSD são duas faces da mesma moeda. Esta ideia tem muita força na rua e na opinião pública, para ela contribuiu decisivamente, a prática política do partido socialista.

Por isso, neste acto eleitoral, dramaticamente, o PS pode recolher o que andou a semear, e que para os portugueses, derrotar a direita, não signifique, necessariamente dar a vitória ao PS. Existem outras alternativas e não se esgotam neste acto eleitoral.

Para o PS, ganhar por pouco, ou um empate técnico nas urnas, será uma derrota, com o inevitável despoletar das tensões até agora controladas em nome do calculismo eleitoral.

Para a Coligação, perder por poucos ou o empate, será mesmo assim uma vitória, que dificilmente será contestada, considerando as políticas de austeridade impostas aos portugueses nos últimos anos. Neste quadro, o PSD pode ganhar as eleições.

Basta ver o caso de Margaret Thatcher em Inglaterra, ou o resultado recente do Syriza na Grécia, para entender que impor a austeridade não é um factor por si só decisivo para perder eleições.

Por isso, analistas da coisa eleitoral andam que nem loucos, desesperados, porque contra toda a lógica, e com sondagens, barómetros, bússolas, o PS não descola, e assim têm difícil optar pela postura mais adequada para com o antecipado ganhador.

É que isto da política de palavra dada, é para gente séria, não é para malta com gelatina em vez de músculo, e sound bytes em vez de alma.

Essa é a conclusão a que cheguei ao fim destes anos, com a minha modesta, mas cumpridora, vareta eleitoral 

Consultor de comunicação
Escreve à quinta-feira