PS, PCP e BE: “Imaginem o que era ter esse radicalismo a comandar o nosso Parlamento”

PS, PCP e BE: “Imaginem o que era ter esse radicalismo a comandar o nosso Parlamento”


Passos empurra o PS para extrema-esquerda para conquistar o centro e fala do pai num almoço-comício. 


O líder da coligação Portugal à Frente (PàF) voltou a colar o PS de António Costa ao "extremismo". Passos Coelho, que falava hoje num almoço-comício em Felgueiras, lembrou até um colega improvável, Alexis Tsipras, líder do Syriza, que "mudou o rumo da sua política", para acenar com o risco do voto nos socialistas e na possível aliança destes com o PCP e o BE para formar uma maioria no Parlamento. Vamos por partes. 

Primeiro, o líder do CDS tratou de notar que o "Syriza eleito este domingo na Grécia não é o Syriza que foi eleito em Janeiro". Depois, lembrou que esteve recentemente com Alexis Tsipras em Bruxelas e desejou-lhe "toda a sorte do mundo" e lembrou que "os gregos merecem toda a ajuda e toda a solidariedade, mas merecem ter um programa que tire a Grécia da situação em que está, como nós tivemos um governo que nos tirou da situação em que estávamos". 

O improvável elogio a Tsipras vem depois: o primeiro-ministro português considera que a Grécia não está pior porque o Syriza inverteu a sua política, deixando cair o radicalismo, aceitando negociar com Bruxelas, rompendo com a posição de Yanis Varoufakis, o anterior ministro das Finanças. "Até na Grécia o meu colega Tsipras conseguiu o apoio dos gregos para recusar a radicalização dentro do seu partido", afirmou. 

E agora sim, o caso português e a colagem do PS, do PCP e do BE ao Syriza, na sua versão inicial, que queria rasgar o Tratado Orçamental e renegociar a dívida pública sem nada em troca. "Imaginem o que era ter esse radicalismo a comandar o nosso Parlamento", desafiou Passos Coelho. "Não é preciso entrar no terreno da ficção para chegar a este cenário, basta pensar que Costa no PS pode aliar-se ao PCP e ao BE para conseguir formar uma maioria", clarificou.

Passos Coelho, sem querer fazer promessas acaba por as fazer. Sobretudo para os "pensionistas, trabalhadores que perderam o seu emprego, funcionários públicos, jovens, contribuintes que viram a sua factura muito agrava pelos impostos". São estes, promete o líder da PàF, que agora "têm de ser os primeiros beneficiários desse crescimento que o país pode agora oferecer". 

A disputa pelo voto ao centro, dos indecisos e dos abstencionistas está no centro do guião da coligação para a última semana de campanha. Hoje, Passos Coelho "trouxe" o pai para a campanha, para falar para os pensionistas que viram as suas reformas cortadas desde 2011. "O meu pai tem 89 anos. É um pensionista que consegue ser atingido pelas medidas do governo. Vou sabendo pela comunicação social que ele ficou aborrecido. Mas eu sei que ele sabe que os sacrifícios que fizemos não foram em vão", explicou, para sublinhar que espera o mesmo dos portugueses mais afectados pelas medidas de austeridade.