Sporting. Tchu, tchuuuuu, pouca terra, pouca terra

Sporting. Tchu, tchuuuuu, pouca terra, pouca terra


Locomotiva russa passa por passagem sem nível no apeadeiro de Alvalade (3-1).


Lokomotivs há muitos. O de Sofia e Plovdiv (Bulgária), o de Leipzig (Alemanha), o de Kosice (Eslováquia) e o de Tbilisi (Geórgia).

Então e o de Moscovo (Rússia)? Calma gegé. O Lokomotiv, íamos dizer com toda a propriedade, é o mais famoso. Por ter sido o primeiro campeão soviético, em 1936.Desde então, a fama não mais o larga. Para lá da URSS, o Lokomotiv é menos conhecido.Ainda assim, vai a duas meias-finais seguidas da Taça das Taças, em 1998 e 1999. A cereja é Olga Smorodskaya, uma senhora com 58 anos, a presidente do clube. O Lokomotiv é inovador em tudo, até nisto. O nome é assustador: Lokomotiv. De locomotiva. É um clube apoiado pelos caminhos-de-ferro para fazer frente às equipas do exército (CSKA) e polícia (Dínamo).

Das duas visitas a Portugal (Luz 1996, 1.º Maio 1998), nem um ponto nem um golo. À terceira é de vez? A euforia não é o forte dos russos.Pelo menos até à noite de 17 de Setembro de 2015. Aí, o Lokomotiv passa a TGV e atravessa o apeadeiro de Alvalade com três apitos bem dados pelo maquinista Niasse. O avançado senegalês vira o Sporting do avesso e isto tem o que se lhe diga. Com participação directa nos três golos, Niasse vira a figura do jogo sem a menor dificuldade. Para tal, aproveita-se do desnorte leonino no dia de Carrillo.

RADAR O peruano falha a lista de convocados e arrasta consigo toda uma polémica insensata em dia de jogo europeu.
Com contrato até Junho de 2016 e sem a mínima intenção de o renovar, Carrillo está de malas aviadas para fora de Alvalade, que não de Portugal. E não é a única ausência de vulto no onze doSporting. Há mais quatro mexidas no tabuleiro, com as saídas de Esgaio, Naldo,Ruiz e Slimani. Nos seus lugares, João Pereira, Tobias, Gelson e Mané. Ai Jesus. Se a isto juntarmos uma quinta, esta provocada pela suspensão de João Mário, devidamente substituído por Aquilani, é metade de uma equipa.

O Lokomotiv apresenta-se com uma só novidade. É ele, Manuel Fernandes. Com cerca de zero minutos em 2015-16, entra em campo com o seu número 4. O treinador pensa Manuel Fernandes, Portugal, titular. Tem a sua razão de ser. Atrás de nós, um vulto da nossa história com aquele golo de cabeça à Roménia no Euro-2000. Em 1997, transfere-se da 2.ª B (Nacional) para a 1.ª (Monaco). Sim, da Madeira para a França. E o seu treinador Jean Tigana mete-o a titular na primeira jornada da fase de grupos da Liga dos Campeões, emAlvalade. OSporting de Octávio ganha 3-0.Sem espinhas. E Costinha não é tido nem achado. Em que dia? Pois é… 17 de Setembro. É uma bom noite para recuperar.

ZOOM Qual quê, este Sporting não se dá bem com o Lokomotiv. Por muita lenha que meta, o comboio de Jesus anda devagar, devagarinho. Há quem apareça mais que outros, como Gelson, mas as bolas insistem em parar invariavelmente nas costas ou pernas de um qualquer russo. Ou português, vá (Manuel Fernandes). Ou até senegalês (Niasse).
É assim mesmo que se começa a desenhar a derrota. Mau passe de Gelson da direita para o meio a permitir o corte de Samedov, que solta logo para Niasse. Segue-se corrida, remate, defesa de Patrício e recarga de Samedov, de cabeça. Aos 11 minutos, zero-um. Em faltas, um-um. Mais lenha para a fogueira, senão isto não anda para a frente.

Mais Montero ouve a dica e saca cá um pontapé, ufff. Portentoso.Deve ter visto o Hulk no resumo do Valencia-Zenit.Só pode. Sem ter incomodado Guilherme por aí além, o Sporting chega ao 1-1 à falta de 40 minutos. Tudo em aberto. Ou não.

Aos 56’, mais um contra-ataque de Niasse e amortie de Samedov à boca da baliza. O Lokomotiv mostra novamente a sua versão TGV e o leão lambe as feridas. Aos 65’, Niasse faz outras das suas.De costas para a baliza, domina a bola com o peito, roda para a esquerda e vai por ali fora como se nada fosse. Um, dois, três. À saída de Rui Patrício, rola a bola por entre as pernas do guarda-redes. Três é muita fruta. Ou talvez não. Na última vez que Jesus sofre três golos em casa, até ganha (Benfica-Lyon 4-3). Aqui é outra louça. Mais frágil.