OPCP clarificou ontem que a expulsão de um espanhol de 34 anos da Festa do Avante! ficou a dever-se não a um beijo entre dois homens, mas uma cena de sexo oral praticada dentro da Quinta da Atalaia, no seixal, onde os comunistas assinalam todos os anos a sua rentrée política.
Os comunistas reagiam pela segunda vez desde sábado em comunicado a uma notícia do Expresso que dava conta de episódios de agressões alegadamente praticadas por seguranças – todos voluntários do partido, segundo o PCP – e que levaram à apresentação de seis queixas-crime na PSP, algumas das quais já estão a ser investigadas pelo Polícia Judiciária.
A notícia das alegadas agressões deram origem a várias reacções de condenação nas redes sociais, sobretudo porque uma das vítimas das alegadas agressões, homossexual, ter dito ao semanário que a agressão aconteceu porque “estava a beijar um rapaz numa zona isolada do recinto, às três da manhã, quando três homens, com uma farda escura, saídos de uma carrinha, lhe terão dito que teriam de ir embora dali, porque o que estavam a fazer era proíbido”.
V, 34 anos, terá perguntado aos seguranças se a lei em Portugal impedia o amor e, a partir, terá começado uma cena de violência que culminou com pontapés na cabeça do espanhol e o arrasto de V. para uma zona deserta, onde foi abandonado.
Em comunicado, oPCP nega qualquer agressão e clarifica que a “verdadeira razão do incidente que conduziu à saída das pessoas do recinto da Festa teve origem num acto de sexo oral em pleno espaço público”.No mesmo comunicado, o PCP afasta qualquer postura homofóbica, como a que lhe tem sido associada nas últimas horas e depois dos alertas lançados pelas associações de defesa LGBT, como a ILGA ou a Opus Gay.
“O que não podemos permitir é que, entre outras acusações que igualmente refutamos, se insista na difamação de atribuir ao PCP uma postura homofóbica, procurando na base da falsidade instalar a dúvida e a crítica sobre o posicionamento do PCP em torno desta matéria”, escrevem os comunistas.
Segundo apurou o i, Miguel Tiago terá mesmo ligado a António Serzedelo, presidente da Opus Gay, a explicar que na origem da expulsão de V. esteve o facto do espanhol estar a praticar sexo oral no interior do recinto. Paulo Côrte Real, vice-presidente da ILGA, diz que esta não é a versão de V. – que está a ser acompanhado e auxiliado pela ILGA – mas sublinha, “independentemente do que está na origem das agressões, nada justifica a violência, sobretudo quando esta violência é motivas por ódio sexual e de orientação sexual”, diz ao i, para assegurar que durante as agressões o espanhol, membro do Bloco Nacionalista Galego, foi chamado de “maricas”.