Pornógrafos


Já nem têm vergonha, em sugerir uma justiça especial para a casta que os sustenta, como defendeu um gracioso doutor Caiado Guerreiro


Felicito a decisão da SIC Notícias, por desde a emissão de sexta-feira passada, acompanhar os programas em que intervêm comentadores, neste caso, Adão e Silva e Marques Lopes, com a presença de um advogado.

É uma acertada medida cautelar, contra produtos tóxicos, num tempo em que a estupidez ganha categoria de crime premeditado.

A razão da emissão, era conversalhar sobre sondagens, mas por força do momento, passou a ser sobre a nova condição do arguido Sócrates, e daí para a avaliação da justiça, foi coisa de nada.

Escusado será dizer, que isso não é um problema para os intervenientes, preparados que estão para perorar sobre qualquer tema terreno e mesmo do sobrenatural. É tudo uma questão de coluna e de ser capaz de conter o riso durante o directo. 

Então Marques Lopes, que conforme não se cansa de repetir, já foi empresário, professor, bancário, cauteleiro, talhante, gasolineiro, cheerleader e trolha, está especialmente dotada para a função e conforme o próprio recordou modestamente durante o programa “ temos que ser tudo, além de constitucionalistas, juristas, economistas” Pois…

A memória tem destas subtilezas, ao observar Adão e Silva, Marques Lopes e o causídico João Caiado Guerreiro, recordei-me da expressão popular, “Os Três da Vida Airada, Cocó, Ranheta e Facada”, um trio do imaginário pícaro popular.

Depois de quase uma hora de esgares, meias verdades, propositadas omissões a fingirem estar muito preocupados com o Estado de Direito e a qualidade da justiça.

Mas o que realmente fizeram, de forma seráfica, foi atacar o estado de direito, lançar suspeição sobre as razões e transparência de Juízes e Ministério Publico, e esforçarem-se por demonstrar que a justiça não é independente porque está condicionada pela expressão da vontade popular, e por consequência, refém de movimentos de interesses políticos ocultos.

Marques Lopes, interroga-se, angustiado, sobre a vontade de “castigar ricos e poderosos” e pergunta, “se a lei será diferente para eles”?  

Sim, efectivamente a lei é diferente para eles, em alguns casos até nem existe, garantindo a absoluta impunidade, a percepção e o benefício de que são Donos Disto Tudo. 

Mas porque tamanha emoção e denodo em defesa dos poderosos? Reacção de classe?

Não merece a ML mais preocupação as razões que levam a justiça que manda prender o desgraçado que rouba um pão, e que manda para casa o indiciado de uma fraude de dez mil milhões?

E quantos poderosos foram arrastados para o pelourinho, como diz Adão e Silva, humilhados e despojados de direitos, nestes 40 anos de democracia?

E os que nunca tiveram direito a justiça, roubados por falências e esquemas fraudulentos, lançados ao desemprego, os que perderam as suas casas, os velhos espoliados das suas poupanças pelos poderosos que assaltaram o estado, afundaram bancos e empresas, desviaram subsídios, e que vivem impunes, ricos, com aquele bronzeado, estatuto e sentido de gravitas que tanto aprecia ML?

Já nem têm vergonha, em sugerir uma justiça especial para a casta que os sustenta, como defendeu um gracioso doutor Caiado Guerreiro.

O Dr. Guerreiro, defendeu o princípio de que os “portugueses são iguais perante a lei, mas as circunstâncias são diferentes, e que existem 8 ou 9 pessoas, as que beneficiaram do voto popular, que não são iguais às outras e não devem ser tratadas da mesma maneira, há pouquíssimas…”  

Não lhe passou pelo neurónio, ou passou, e é mais uma vez, uma questão política e de classe, que exactamente, por terem sido pessoas que beneficiaram da confiança dos cidadãos para exercerem cargos públicos, a sua responsabilidade ética e moral tem de ser maior e o escrutino das suas acções e eventuais crimes e dolos, proporcional e exemplar no que respeita à preservação dos direitos e aplicação da lei.

O doutor Caiado, afirmou sem se rir, que hoje, o nosso sistema dá menos garantias do que no tempo da ditadura…Qual?

A que deixava os presos a apodrecer na cela anos após cumprida a sentença? A que torturava até á morte para sacar confissões? Ou a que chegava a espancar presos e advogados em pleno tribunal frente aos juízes?

Aflito, Adão e Silva, avisava para os perigos que corre o actual estado de direito, apesar de há pouco ter sugerido como modelo para Presidente da Republica, Ferreira Leite, a da suspensão do estado de direito. Insanáveis contradições. 

Podem dormir os três amigos sossegados, os poderosos que podem temer ser levados perante a justiça, são os que têm as mãos sujas de crime e do sofrimento de milhares de seres humanos.

 Num Estado de Direito, a justiça não se deixa intimidar nem por poderosos, nem pelos que disfarçando ao que vêm, são afinal apenas pornógrafos.   

Consultor de Comunicação

Escreve à quinta-feira

Pornógrafos


Já nem têm vergonha, em sugerir uma justiça especial para a casta que os sustenta, como defendeu um gracioso doutor Caiado Guerreiro


Felicito a decisão da SIC Notícias, por desde a emissão de sexta-feira passada, acompanhar os programas em que intervêm comentadores, neste caso, Adão e Silva e Marques Lopes, com a presença de um advogado.

É uma acertada medida cautelar, contra produtos tóxicos, num tempo em que a estupidez ganha categoria de crime premeditado.

A razão da emissão, era conversalhar sobre sondagens, mas por força do momento, passou a ser sobre a nova condição do arguido Sócrates, e daí para a avaliação da justiça, foi coisa de nada.

Escusado será dizer, que isso não é um problema para os intervenientes, preparados que estão para perorar sobre qualquer tema terreno e mesmo do sobrenatural. É tudo uma questão de coluna e de ser capaz de conter o riso durante o directo. 

Então Marques Lopes, que conforme não se cansa de repetir, já foi empresário, professor, bancário, cauteleiro, talhante, gasolineiro, cheerleader e trolha, está especialmente dotada para a função e conforme o próprio recordou modestamente durante o programa “ temos que ser tudo, além de constitucionalistas, juristas, economistas” Pois…

A memória tem destas subtilezas, ao observar Adão e Silva, Marques Lopes e o causídico João Caiado Guerreiro, recordei-me da expressão popular, “Os Três da Vida Airada, Cocó, Ranheta e Facada”, um trio do imaginário pícaro popular.

Depois de quase uma hora de esgares, meias verdades, propositadas omissões a fingirem estar muito preocupados com o Estado de Direito e a qualidade da justiça.

Mas o que realmente fizeram, de forma seráfica, foi atacar o estado de direito, lançar suspeição sobre as razões e transparência de Juízes e Ministério Publico, e esforçarem-se por demonstrar que a justiça não é independente porque está condicionada pela expressão da vontade popular, e por consequência, refém de movimentos de interesses políticos ocultos.

Marques Lopes, interroga-se, angustiado, sobre a vontade de “castigar ricos e poderosos” e pergunta, “se a lei será diferente para eles”?  

Sim, efectivamente a lei é diferente para eles, em alguns casos até nem existe, garantindo a absoluta impunidade, a percepção e o benefício de que são Donos Disto Tudo. 

Mas porque tamanha emoção e denodo em defesa dos poderosos? Reacção de classe?

Não merece a ML mais preocupação as razões que levam a justiça que manda prender o desgraçado que rouba um pão, e que manda para casa o indiciado de uma fraude de dez mil milhões?

E quantos poderosos foram arrastados para o pelourinho, como diz Adão e Silva, humilhados e despojados de direitos, nestes 40 anos de democracia?

E os que nunca tiveram direito a justiça, roubados por falências e esquemas fraudulentos, lançados ao desemprego, os que perderam as suas casas, os velhos espoliados das suas poupanças pelos poderosos que assaltaram o estado, afundaram bancos e empresas, desviaram subsídios, e que vivem impunes, ricos, com aquele bronzeado, estatuto e sentido de gravitas que tanto aprecia ML?

Já nem têm vergonha, em sugerir uma justiça especial para a casta que os sustenta, como defendeu um gracioso doutor Caiado Guerreiro.

O Dr. Guerreiro, defendeu o princípio de que os “portugueses são iguais perante a lei, mas as circunstâncias são diferentes, e que existem 8 ou 9 pessoas, as que beneficiaram do voto popular, que não são iguais às outras e não devem ser tratadas da mesma maneira, há pouquíssimas…”  

Não lhe passou pelo neurónio, ou passou, e é mais uma vez, uma questão política e de classe, que exactamente, por terem sido pessoas que beneficiaram da confiança dos cidadãos para exercerem cargos públicos, a sua responsabilidade ética e moral tem de ser maior e o escrutino das suas acções e eventuais crimes e dolos, proporcional e exemplar no que respeita à preservação dos direitos e aplicação da lei.

O doutor Caiado, afirmou sem se rir, que hoje, o nosso sistema dá menos garantias do que no tempo da ditadura…Qual?

A que deixava os presos a apodrecer na cela anos após cumprida a sentença? A que torturava até á morte para sacar confissões? Ou a que chegava a espancar presos e advogados em pleno tribunal frente aos juízes?

Aflito, Adão e Silva, avisava para os perigos que corre o actual estado de direito, apesar de há pouco ter sugerido como modelo para Presidente da Republica, Ferreira Leite, a da suspensão do estado de direito. Insanáveis contradições. 

Podem dormir os três amigos sossegados, os poderosos que podem temer ser levados perante a justiça, são os que têm as mãos sujas de crime e do sofrimento de milhares de seres humanos.

 Num Estado de Direito, a justiça não se deixa intimidar nem por poderosos, nem pelos que disfarçando ao que vêm, são afinal apenas pornógrafos.   

Consultor de Comunicação

Escreve à quinta-feira