Cravinho diz que derrota do PS “não está excluída”

Cravinho diz que derrota do PS “não está excluída”


O empate técnico mói alguns socialistas e alguns mostram-no. Mas não mata.


O empate técnico insiste em permanecer nas sondagens, um dado que – somado ao mais recente desenvolvimento do ex-líder Sócrates – tem agitado as hostes socialistas. No círculo de António Costa a convicção é que os indecisos darão a volta ao texto na hora H.

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Mas e a hipótese de uma derrota, existe? “Nenhuma sondagem exclui que o PSD/CDS tenham mais votos”, responde João Cravinho.

O socialista reforça que a derrota “não está excluída de maneira nenhuma” e que “não ver que os acidentes de percurso [da campanha socialista] têm consequência negativas seria viver na estratosfera”.

1,3 – Em 2009, a um mês das eleições, a Marktest chegou a dar esta diferença entre PS e a segunda força política, o PSD sozinho. A Eurosondagem dava os dois separados por 1,9 pontos percentuais, a Universidade Católica por dois e só a Aximage previa 5,6 de diferença. Nas eleições o PS ficou 7,4 pontos à frente.

“Esta não é a hora das verdades politicamente correctas, mas para as verdades”, remata em declarações ao i logo depois de dizer que, nos próximos dias o PS “tem de tentar perceber que clarificações deve fazer para levar as pessoas a votarem no partido, dando-lhe pelo menos a maioria relativa”. Outra figura histórica do partido desabafa:“

Acho bem que António Costa fale de confiança porque é isso que faz falta. Pode ser que o PS consiga 3, 4 ou 5 pontos de vantagem, porque já todos percebemos que não vai haver maioria absoluta e que Outubro e Novembro serão meses muito difíceis. O entendimento não vai ser fácil”.

Este é um aspecto muito explorado pelo líder do PS à medida que se encurta o tempo até 4 de Outubro, seguindo a estratégia da dramatização de um cenário pós-eleitoral sem maioria absoluta. Aliás, na dianteira da campanha, esse continua a ser o único objectivo referido e a fé é colocada nos indecisos.

2 – Em 2011, com a troika a chegar, a sondagem da UCP a um mês das legislativas dava o PS à frente por dois pontos percentuais. A intercampus dava a mesma diferença, mas com o PSD em vantagem. Aximage e Eurosondagem previam pouco mais de 3 pontos percentuais de diferença entre os dois primeiros. OPSD acabou por ter mais 10 pontos que o PS.

“Os indecisos vão decidir-se maioritariamente pelo PS”, confia Pedro Nuno Santos que quando é confrontado com a dificuldade do PS descolar nas sondagens dispara:“O PS vai descolar no dia das eleições. Não me surpreende que até lá as sondagem dêem sempre empate técnico”. 

Contas socialistas O dirigente socialista tem até um comparativo com as sondagens feitas para as legislativas de 2011, altura em que o governo socialista tinha já chamado a troika. Mesmo nesse cenário, os estudos apontavam para um empate técnico. E o mesmo aconteceu em 2009, a julgar pelas sodagens a um mês das eleições consultadas pelo i (ver ao lado). Ainda assim, a luta actual é a mais renhida.

Cravinho também acredita que a solução para o impasse pode estar nos indecisos que “podem ter a mesma expresão numérica doutros actos eleitorais, mas a sua composição é feita de pessoas com uma experiência muito diferente das eleições dos últimos anos”. “As pessoas sofreram durante quatro anos, agora começam a ver as coisas um pouco melhores, apesar de nem tudo ser graças a este governo”, analisa outro socialista que aponta a dificuldade maior para o PS:“Há muita gente que pensa que vai trocar um certo, que é mau, por um incerto que pode ser pior. Daí a necessidade de Costa em repetir a palavra confiança”, explica.

Cravinho diz que é por isso mesmo que a coligação está a explorar o sentimento de medo: “Pensa que ganhará votos apelando à imobilidade”. Ainda há duas semanas, Marcelo Rebelo de Sousa comentava na TVI que a “estratégia da coligação é fazer-se de morta até poder”. Uma manobra política que costuma ser mais utilizada, pelo menos nesta fase final, pela oposição. 

0,2 – A sondagem mais recente, da Eurosondagem, mostrou que a um mês das legislativas, o PS está com um ponto apenas de vantagem, mas agora sobre a coligação PSD/CDS e não o PSD sozinho. Em Julho, a Aximage projectava uma diferença mais estreita ainda, 0,2 pontos percentuais. 

A duas semanas da caravana arrancar para a estrada em campanha oficial, o PS aponta tudo aos indecisos onde, diz Pedro Nuno Santos, “o nível da rejeição da coligação é superior à do PS” e “no contexto do voto útil, só o PS pode beneficiar. Só o PS tem margem de progressão”.

A recta final não é, por isso, de desvalorizar, com João Cravinho a avisar que a campanha eleitoral “tem mais impacto potencial de consequência” hoje do que há quatro anos. E o terreno está minado. Não é só Sócrates ou eventuais trambolhões (ver ao lado) que pesam, as eleições gregas também podem influenciar.

Lá, a direita está frente nas sondagens e a coligação da direita portuguesa pode aproveitar a deixa para atirar à exeriência falhada do Syriza – ainda que António Costa tenha tentado manter a distância do partido de Tsipras durante a crise grega.