O Governo acusou hoje o PS de "má-fé" na questão da contabilização ou não para o défice do dinheiro que o Estado injetou no fundo de resolução do BES, voltando a reafirmar que não terá qualquer impacto no cumprimento das metas por parte de Portugal.
O ministro da Presidência e dos Assuntos Parlamentares, Luís Marques Guedes, lembrou que a contabilização dos 4,5 mil milhões de euros que o Estado emprestou ao fundo de resolução do BES "ainda está para ser decidida pelo Eurostat para efeitos de défice" e que tal "não passará de um mero registo contabilístico nas contas de 2014, sem qualquer impacto para o cumprimento das metas a que Portugal estava e está obrigado" por parte da União Europeia.
Para Marques Guedes, a "má-fé do PS só pode ser explicada por algum peso na consciência que o partido liderado por António Costa tem relativamente à maneira como acompanhou o processo do BPN, através de uma nacionalização que impactou diretamente, e com responsabilidades para o contribuinte nacional, de muitos milhares de milhões de euros, o que não acontecerá no caso do BES".
Segundo o ministro da Presidência, o PS está "a tentar aproveitar o clima pré-eleitoral" e a tentar "criar alguma dúvida ou valoração negativa por parte das pessoas de que afinal isto terá impacto para o contribuinte português".
Frisando que "não haverá nenhum impacto direto para o contribuinte português", Marques Guedes relembrou que o Estado "não nacionalizou nem entrou diretamente no capital do Novo Banco", pelo que "é um empréstimo ressarcido com juros", não negando uma exposição do sistema financeiro português e, indiretamente, alguma exposição da Caixa Geral de Depósitos que "comparticipará, a par de outras instituições, nas responsabilidades do fundo de resolução".
Sobre a negociação em curso por parte do Banco de Portugal com os três interessados na compra do Novo Banco (Anbang, Fosun e Apollo), o ministro disse que se o Banco de Portugal entendeu "não concluir o negócio com aquele que tinha melhor proposta inicial [a Anbang]”, isso só quer significar que "há uma defesa daqueles que são os verdadeiros interesses do sistema financeiro no seu todo e do novo banco em particular", ao contrário do que "algumas vozes" que defendem que "há desespero ou orientação para que o banco seja vendido a todo o custo".
Quanto à data para ser realizada a operação, Marques Guedes disse confiar que o Banco de Portugal "está a trabalhar na defesa de critérios rigorosos", acrescentando que o governo "tem a noção que todo este processo quanto mais depressa for resolvido mais depressa se entra numa situação de normalidade".