Grécia. Valor do resgate subiu e já ascende a 94 mil milhões de euros

Grécia. Valor do resgate subiu e já ascende a 94 mil milhões de euros


Presidente nomeou a primeira mulher líder de governo na Grécia, ainda que interinamente, e marca eleições hoje.


As contas ao pacote global de financiamento que a Grécia necessita para os próximos três anos apontam para um total de 94 mil milhões de euros, mais 4%que os 90 mil milhões calculados inicialmente. Do novo valor, 86 mil milhões serão emprestados no âmbito do terceiro resgate e os restantes oito mil milhões terão que ser financiados pela obtenção de excedentes primários (dois mil milhões)e pela venda de activos e de privatizações a realizar até Agosto de 2018 – num plano de vendas que se estende por décadas, exigindo-se à Grécia o encaixe de 50 mil milhões em vendas de bens dos seus contribuintes.

Segundo a avaliação feita pelaComissão Europeiaàs necessidades de financiamento da Grécia, do bolo total de 94 mil milhões de euros, a grande maioria visa cobrir pagamentos de dívidas e juros às instituições que estão agora a emprestar mais dinheiro ao país. Entre Agosto deste ano e Agosto de 2018, “a Grécia tem de cobrir 54,1 mil milhões de euros em amortizações de dívida e pagamento de juros”. Desta fatia, mais de metade é para saldar dívidas e juros ao Fundo Monetário Internacional (FMI)e às instituições europeias em compromissos sobretudo vindos dos dois anteriores resgates. Segundo as contas da CE, são cerca de 10,2 mil milhões de euros para o FMI – 8,4 mil milhões em amortizações e 1,8 mil milhões em juros – e mais de 20 mil milhões são para as instituições europeias credoras do país. Neste valor encontra-se já incluído o empréstimo-ponte que Atenas foi obrigada a recorrer durante as negociações com a UE, no valor de oito mil milhões.

Banca e depósitos Há depois que juntar às contas do resgate o custo da recapitalização do sector bancário, custo que foi inflacionado com a imposição do controlo de capitais ao país. “É expectável que os bancos necessitem de avançar com aumentos de capital substanciais num período curto de tempo”, algo que, “considerando que é improvável que os bancos consigam atrair capital privado” vai obrigar que as injecções de capital “venham provavelmente do financiamento do programa”, refere a avaliação da CE. “Os cálculos actuais estimam que a necessidade de financiamento do sector bancário totalizem 25 mil milhões de euros”, concluem os técnicos de Bruxelas.

A exigência no terceiro resgate face à liquidez e à “almofada financeira” do Estado grego é a terceira rubrica que mais capital exige nos próximos três anos. AComissão Europeia salienta que “a ausência da entrega de tranches desde Agosto de 2014 e a falta de acesso aos mercados desde Outubro de 2014”, baixou a liquidez do Estado grego para valores “bem abaixo dos mil milhões de euros no final de Junho de 2015”. Assim, “o programa deve permitir o reforço dos depósitos do Estado até 5 mil milhões ainda em 2015 e até 8 mil milhões no final do programa”. Na versão inicial do resgate, exigia-se apenas 4,5 mil milhões nesta rubrica.

Contas públicas Uma fatia de 9% das necessidades de financiamento da Grécia atéAgosto de 2018 terá que chegar do próprio país, já que os credores exigem aos gregos a obtenção de 6,2 mil milhões de euros em vendas de activos e privatizações até 2018 e o ganho de dois mil milhões ao nível dos excedentes primários. Da versão inicial até à corrente, estes valores sofreram uma inflexão que evidencia o teor das negociações entre credores e devedores:durante as mesmas, Tsipras conseguiu reduzir as metas dos excedentes primários exigidos a Atenas, mas para isso foi obrigado a compensá-las com mais vendas. No programa inicial, exigia-se o encaixe de 2,5 mil milhões em privatizações até 2018 e agora são 6,2 mil milhões – aumento que veio compensar as metas inferiores para os excedentes. 

Há ainda que contar com sete mil milhões de euros que serão dedicados a reduzir os pagamentos em atraso de Atenas. 

Mulher a primeira-ministra Vassiliki Thanou, líder do Supremo Tribunal de Justiça, foi ontem nomeada primeira-ministra interina pelo presidente grego, Prokopis Pavlopoulos, tornando-se na primeira mulher a ocupar este cargo naGrécia, ainda que interinamente. Thanou irá agora liderar o país até à realização de eleições antecipadas, cuja data será agendada hoje e, ao que tudo indica, para 20 de Setembro – ainda que a Nova Democracia tenha pedido que fosse a 28, para haver mais tempo de debate. Entretanto, e mesmo sem data oficial, os partidos já se encontram todos em ritmo de pré-campanha eleitora.