Opacote de medidas exigido pelos credores à Grécia a troco do terceiro resgate prevê um ajustamento equivalente a 4,3% do Produto Interno Bruto (PIB) do país. São perto de 7,7 mil milhões de euros dos quais 88% chegarão por via de aumentos de impostos e de cortes e/ou alterações nas pensões, mostram números da Comissão Europeia. Já os cortes na despesa além das pensões e a subida de outro tipo de receitas que não as fiscais valerão apenas 12% do ajustamento dos próximos três anos.
A Comissão Europeia elaborou um relatório de avaliação ao impacto das medidas de austeridade exigidas à Grécia pelos credores, relatório divulgado ontem pela MacroPolis. Segundo a avaliação da CEao novo resgate, caberá aos reformados gregos pagar a maioria da factura:entre cortes, aumento de contribuições e da idade da reforma, congelamento das pensões mínimas até 2021 e o corte nos suplementos solidários às reformas mais baixas, os credores vão buscar 3,4 mil milhões de euros (44% do ajustamento) aos pensionistas em três anos.
Fatia idêntica virá da revisão das tabelas do IVAe dos impostos sobre os rendimentos, neste caso graças sobretudo à subida do IRC de 26% para 29% e o aumento do Pagamento Especial por Conta, num conjunto de que vale igualmente 3,4 mil milhões do ajustamento previsto. No campo fiscal, e além do IRC, é de realçar a duplicação da taxa de imposto cobrada aos agricultores, que salta para 26%.
Austeridade e eleições À medida que os dias passam, os gregos vão acumulando dados sobre o que realmente implicará o terceiro resgate – apenas uma pequena parte das medidas foram aprovadas até ao momento. É desta perspectiva que todos os partidos estão a olhar para as eleições antecipadas: Tsipras defende o sufrágio já a 20 de Setembro e a oposição pretende que a mesma seja “nunca antes” de 27 de Setembro ou 4 de Outubro – o que coincidirá com as eleições na Catalunha (27), ou com as portuguesas (4).
Depois de ontem receber o mandato do presidente para tentar formar governo, a Unidade Popular – partido que resultou da cisão da Plataforma da Esquerda do Syriza – irá reunir hoje com a Nova Democracia para abordar o futuro político grego, sendo improvável algum tipo de entendimento – a UPé antiausteridade e antieuro, a NDnão. Panagiotis Lafazanis, líder da UP, explicou ontem que o seu partido representa “todos os gregos que votaram ‘Não’ no referendo” de 5 de Julho.