Julius Yego. Fixe este nome. Julius Yego, repetimos. Finjamos que fazemos uma pausa de cinco segundos para poder dizer o nome outra vez até parecer algo natural. Isso, Julius Yego. Agora sim, vamos a isso.
O queniano Julius Yego entrou directamente para o topo das melhores histórias dos Mundiais de Atletismo em Pequim. Não, não foi um regresso às vitórias depois de anos fustigados por lesões. Não, não venceu uma série dos 200 metros acabando a corrida na mesma pista de uma adversária. Não, não foi com a cara ao chão (água, neste caso) depois de ultrapassar um obstáculo. Julius Yego, queniano de nacionalidade, dizimou os adversários no lançamento do dardo, conseguiu a terceira melhor marca da história e garantiu um título inédito para o país africano nas disciplinas de saltos e lançamentos. Ou seja, todas as que não são de corrida.
Entre os finalistas, a melhor marca de Yego já era pelo menos dois metros superior à concorrência. Mas na final fez ainda melhor. Com um registo de 92,72 metros, alcançado à terceira tentativa, Yego conquistou a medalha de ouro com quase quatro metros de vantagem sobre o egípcio Ihab El Sayed, que ficou com a prata. Feitas as contas, foram 3,73 metros. Isso mesmo, três metros e setenta e três centímetros.
Yego começou com uma tentativa nula, depois registou 82,42 metros e finalmente, à terceira tentativa, lançou a bomba de 92,72 metros. O resultado foi tão esmagador que abdicou da quarta e quinta tentativa, até voltar a lançar na sexta, apenas como despedida – foi novamente nula.
A medalha de bronze ficou com o finlandês Tero Pitkamaki, que se "limitou" a conseguir 87,64 metros.