A estrutura que representa os utentes da antiga autoestrada Sem Custos para o Utilizador (SCUT) do Algarve tentou chegar à fala com o primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, para lhe entregar uma “carta de despedida” a pedir para abolir as portagens antes de deixar o Governo, mas as autoridades policiais não permitiram esse contacto e os dirigentes da Comissão tiveram de deixar a missiva com um elemento da GNR.
João Vasconcelos, da Comissão de Utentes da Via do Infante (CUVI), disse que o objetivo do protesto de hoje foi “tão-somente continuar a luta pela abolição das portagens”, e frisou que a opção da delegação de cerca de dez pessoas que hoje esteve na Manta Rota foi a de realizar um “protesto silencioso”, para não incomodar a mulher do primeiro-ministro, que está a lutar contra uma doença oncológica.
“E temos uma carta de despedida para o senhor primeiro-ministro, esperamos que ele vá embora, daqui a 44 dias – olha que número tão mágico – e que já não volte, devido aos prejuízos, à desgraça que o seu governo provocou no Algarve em termos económicos, em termos sociais, em termos humanos, com muitos mortos, muitos feridos na Estrada Nacional 125 [EN125]. Portanto é algo que continuaremos a protestar, até à abolição completa das portagens”, assegurou o dirigente da CUVI.
Questionado sobre a participação de uma dezena de pessoas no protesto, João Vasconcelos respondeu que se tratou “apenas de uma delegação da Comissão de Utentes, sem preocupações de mobilização e desta vez sem aparato ruidoso”, para “não fazer muito barulho no local”.
“Queremos apenas neste caso, tal como nos anos anteriores, entregar uma carta ao senhor primeiro-ministro, desta vez uma carta de despedida, fazendo ver e recordar os números da tragédia humana e social e aquilo que as portagens representam no Algarve”, reiterou, sublinhando que, a acompanhar o texto, iam também imagens de acidentes rodoviários fatais na EN125, que aumentam todos os dias devido ao aumento de tráfego que foge às portagens.
João Vasconcelos lembrou que esta é a segunda ação deste tipo que a CUVI realiza este verão, depois de, no domingo passado, também se ter concentrado junto à casa de férias do Presidente da República, Aníbal Cavaco Silva, na aldeia da Coelha, em Albufeira, também no Algarve.
O dirigente da CUVI afastou ainda a hipótese de o valor pago nas portagens da A22 vir a ser reduzido, assegurando que a estrutura “não admite que se fale em baixar o preço das portagens”, porque, considerou, “isso não resolve o essencial”.
“Não é isso que nos interessa, o que nos interessa é abolir definitivamente as portagens, porque o problema de fundo continuará – teremos mais mortes, mais acidentes, sinistralidade, mais prejuízo à economia, retrocesso na mobilidade, e isso não queremos”, justificou.