Do lado oposto da estrada, cerca de 200 pessoas vaiaram Merkel e gritaram frases como “traidora, traidora” e “somos esta gente”.
A segunda frase é uma referência às palavras ditas na segunda-feira pelo “número dois” do governo, Sigmar Gabriel, que numa visita ao local, referindo-se aos atacantes, afirmou: “Para esta gente só há uma resposta: polícia, justiça e, se necessário, prisão”.
“Preocupa-te primeiro com os teus”, gritou uma idosa na direcção de Angela Merkel, enquanto vários automóveis que passavam na rua buzinavam, respondendo a apelos lançados por grupos extremistas nas redes sociais.
Angela Merkel foi recebida pelo primeiro-ministro do governo da Saxónia, Stanislaw Tillich, e pelo presidente da câmara de Heidenau, Jürgen Opitz, e entrou no centro de refugiados sem fazer declarações, reunindo-se em seguida com funcionários e voluntários.
Na segunda-feira, a chanceler qualificou a violência em Heidenau de “repugnante” e considerou “vergonhoso” que “famílias com crianças” participem em manifestações xenófobas.
No protesto desta quarta-feira, segundo jornalistas no local, participaram pessoas de todas as idades, de idosos a jovens mães com crianças.
Um forte dispositivo policial mantém-se em volta do centro, recentemente aberto para acolher até 600 refugiados.
Nas noites de sexta-feira e de sábado passados, dezenas de pessoas ficaram feridas em confrontos que opuseram a polícia a manifestantes de extrema-direita convocados pelo partido neonazi NPD para protestar contra a abertura do centro.
Os ataques contra centros de refugiados têm-se multiplicado na Alemanha, um dos principais países de acolhimento na Europa.
Nos primeiros seis meses de 2015, registaram-se cerca de 200 ataques desse tipo, segundo números do Ministério do Interior.
A Alemanha reviu na semana passada em alta a estimativa de refugiados que deverá receber em 2015, elevando-a a 800.000 pessoas, cerca de quatro vezes mais que em 2014.
Lusa