Nos últimos dez anos morreram nas estradas do Algarve 611 pessoas. Só desde Janeiro, e nas duas principais vias da região – a Via do Infante (A22) e a EN125 –, os acidentes rodoviários já causaram pelo menos 29 vítimas mortais. Ainda assim, no ano passado registaram-se 43 mortes, quase metade das que aconteceram nos anos de 2004 (75) e 2005 (74) – os piores dos últimos dez.
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As estatísticas da última década mostram ainda que o número de acidentes nas estradas do Algarve caiu para quase metade. Em 2004, segundo os dados da Autoridade Nacional de Segurança Rodoviária (ANSR), registaram-se 2422 acidentes no distrito de Faro. No ano passado o número foi bastante inferior: 1769, e a gravidade dos acidentes parece acompanhar a tendência de diminuição.
Apesar da melhoria nos indicadores da sinistralidade rodoviária, a EN125 – alternativa gratuita à auto-estrada e que liga Vila do Bispo a Vila Real de Santo António – continua a ser responsável pela maioria dos acidentes graves e com vítimas mortais na região. Este ano o número já vai em 11. O último aconteceu no domingo, perto de Boliqueime, e causou a morte a três jovens com cerca de 20 anos. O carro em que regressavam de uma festa em Vilamoura invadiu a faixa contrária, por volta das 6h da manhã, embatendo numa carrinha de transporte de passageiros. Foi o terceiro acidente com vítimas mortais deste mês. No dia 9, uma outra colisão entre dois veículos ligeiros já tinha causado dois mortos e quatro feridos graves, à saída de Lagoa. Três dias antes, um homem de 45 anos morreu numa rotunda em obras no sentido Lagos-Vila do Bispo, perto de Vale do Boi. O despiste aconteceu por volta da meia-noite.
choques frontais As colisões, admite o responsável pela Divisão de Trânsito e Segurança Rodoviária da GNR, são o tipo de acidente mais frequente na EN125. “Há registo de muitas colisões que resultam da invasão da faixa contrária, algumas causadas por ultrapassagens mal calculadas”, explica o tenente-coronel Lourenço da Silva. O traçado da estrada não ajuda, com “longos troços” a atravessar localidades, duas faixas em cada sentido e sem separadores centrais. Mesmo assim, a GNR garante que na origem da maior parte dos acidentes estão “comportamentos inadequados” ao volante, numa zona em que os condutores “aumentam exponencialmente” no Verão – altura de férias em que aumenta também o consumo do álcool e a vida nocturna. “Uma estrada nunca é perigosa por si só”, defende o tenente-coronel Lourenço da Silva, sublinhando que os condutores devem sempre “adaptar a condução às condições das diferentes vias em que circulam”.
pontos negros Em 2013, a EN125 tinha três troços na lista nacional de pontos negros da sinistralidade rodoviária – locais com mais cinco acidentes graves por ano. No entanto, no ano passado o Relatório Anual da Sinistralidade Rodoviária só incluía um ponto da estrada algarvia: o quilómetro 100,3, em Patacão, perto de Faro, onde se registaram cinco acidentes graves, envolvendo oito veículos e que provocaram um morto e vários feridos.