Esta semana começou com fogos, acabou com chuva e com duas notícias que me deixam a pensar.
A investigação do crime de fogo posto deixou de ser prioridade. Sim é verdade e é já a partir de setembro. A medida foi aprovada com os votos do PSD e do CDS e com a abstenção do PS. O mais notável, é que esta decisão contraria até uma recomendação da Procuradora Geral da Republica que pretendia uma maior atenção e prioridade na investigação dos crimes relacionados com a floresta e o ambiente. Não encontro palavras para dizer o que penso, mas podem começar a adivinhar o que dirá este vosso amigo da Lousã a viver há vinte e tal anos no Porto. A segunda notícia surgiu depois da série de entrevistas que estamos a fazer no Jornal 2 sobre o que está a falhar na gestão da nossa floresta para evitar esta tragédia anual e a destruição de milhões de euros de uma das poucas riquezas naturais deste país. Os Sapadores Florestais, que são uma ferramenta fundamental na débil política de prevenção de fogos, estão sem dinheiro e poderão parar já para a semana. Sim, é verdade. Perguntarão como é possível? Pois não sei também que diga. O que me dizem estes guardiões da floresta é que a falta de pagamentos do Estado é coisa frequente e recorrente.
Temos ouvido às 21 na RTP2 inúmeros especialistas, fugindo das simples e imediatistas questões do combate e todos lembram centenas de estudos e relatórios, promessas e projetos-piloto com um caminho claro para uma gestão eficaz e muito rentável da nossa floresta. Até hoje, nenhum deles nos conseguir explicar porque não se toma uma decisão clara e não se assume a ideia de um Portugal sem fogos como um desígnio nacional de forma realista e com efetivo trabalho no terreno. Será mais fácil gastar milhões a apagar os erros que custariam muito menos a corrigir? A quem interessa manter tudo neste estado, há tantos anos?
Jornalista RTP
Coordenador Jornal2 – RTP2
Escreve à sexta-feira