Plataforma de Esquerda ameaça romper do Syriza

Plataforma de Esquerda ameaça romper do Syriza


Panayiotis Lafazanis, ex-ministro e líder da Plataforma de Esquerda do Syriza, apelou à fundação de “um movimento unido” que mobilize “todos os cantos do país” numa luta contra o novo resgate. “Precisamos de continuar o caminho de 5 de Julho”


A coligação governamental do Syriza está em vias de cisão. A negociação do novo resgate dividiu os deputados e ministros do governo de Alexis Tsipras e a Plataforma de Esquerda, uma das organizações integrantes do governo do Syriza, deverá avançar para a criação de um partido próprio.

A aprovação do acordo com os credores esta quinta-feira pelo parlamento grego terá novamente que contar com o apoio de deputados da oposição, sobretudo da Nova Democracia e do PASOK, já que muitos deputados e governantes do Syriza irão votar contra ou abster-se, por não concordarem com o avanço de um terceiro resgate.

Panayiotis Lafazanis, ex-ministro da Energia e representante da Plataforma de Esquerda no Syriza, deu esta quinta-feira a entender isso mesmo: "A luta contra o novo resgate começa hoje, pela mobilização do povo em todos os cantos do país", lê-se num comunicado assinado por Lafazanis e 11 outros membros do Syriza. Neste comunicado, os signatários apelam à fundação "de um movimento unido que justifique o desejo do povo por democracia e justiça social", não abordando directamente, porém, a cisão do Syriza.

"A assinatura de um novo memorando equivale à destruição do povo e da democracia grega, reverte o mandato dado pelos gregos no passado dia 5 de Julho contra as políticas neoliberais. Precisamos de continuar no caminho de 5 de Julho até ao fim, até expulsarmos as políticas dos resgates, com um plano alternativo para o dia seguinte, para uma Grécia democrata, reconstruída e socialmente justa", lê-se ainda no comunicado.

A divisão entre os deputados e governantes do Syriza face ao terceiro resgate tem alimentado vários pedidos para o avanço de eleições antecipadas na Grécia, para renovação das legitimidades políticas dos diferentes partidos. Este é um cenário que só deverá verificar-se depois da normalização da situação financeira do país, mesmo que apenas temporariamente.

Olga Gerovasili, porta-voz do governo, já admitiu esta semana que um governo sem maioria "não vai muito longe" mas que por agora a prioridade do executivo é a resolução dos problemas financeiros urgentes e o desbloqueio do terceiro resgate. Sobre a pendente cisão no Syrizam Gerovasili referiu que "é possível que no futuro surjam procedimentos para procurar um novo mandato… acontecerá quando se concluir que são precisas novas eleições."