Os negociadores de Atenas e dos credores querem chegar a um acordo sobre o novo resgate grego a tempo de este ser discutido já na próxima quinta-feira no parlamento helénico. O calendário, mais uma vez, é apertado e os próximos passos serão, mais uma vez, decisivos. Contra a vontade da Alemanha, Atenas procura obter um acordo o mais rápido possível para evitar pedir um novo empréstimo-ponte – já que dia 20 terá que pagar 3,2 mil milhões ao BCE.
Apesar de existir um pré-acordo em relação ao terceiro resgate – o que saiu da interminável cimeira de Julho –, são ainda vários os detalhes que ficaram para definir nesta fase negocial, tal como a carga fiscal sobre os produtores agrícolas, o reforço de mais liberalizações sectoriais, a abertura do comércio ao domingo, o plano de privatizações e até quais as reformas que os credores desejam ver implementadas ainda antes de libertar a primeira tranche do resgate, cujo valor total deve rondar os 86 mil milhões de euros.
O calendário A preocupação com o relógio em contagem decrescente para a data de pagar ao BCE vem não apenas da necessidade de ver o novo acordo aprovado pelo parlamento grego, mas também porque alguns dos países credores precisam igualmente de aprovar o mesmo pela via parlamentar. Caso o novo resgate surja a tempo de ser aprovado por Atenas na quinta-feira, dia 13, o parlamento finlandês deverá reunir e votar o mesmo no dia seguinte.
Caso todas as aprovações cheguem em tempo útil, Atenas deverá ter acesso a uma tranche de 25 mil milhões de euros do empréstimo dos credores ainda em Agosto mas os gregos não verão nem um cêntimo:12,5 mil milhões serão imediatamente usados para as obrigações relativas à dívida pública grega, incluindo a dívida ao BCE, 10 mil milhões serão entregues aos bancos gregos e o remanescente será utilizado para reduzir o stock de pagamentos em atraso dos serviços públicos gregos.
Finlândia e Alemanha Contra a vontade de Atenas e da maioria dos credores, a Alemanha e a Finlândia continuam sem ver com bons olhos a sucessão de eventos. “Claro que podemos ficar de fora, é uma possibilidade”, assumiu este domingo o ministro dos Negócios Estrangeiros finlandês, Timo Soini, à “Reuters”. O governo finlandês, de centro-direita, passa por uma coligação com o partido nacionalista local, antes conhecidos por “Verdadeiros Finlandeses”, que têm pressionado o executivo a acabar com o apoio à Grécia. “Já não temos paciência… Não vamos aceitar aumentar as responsabilidades finlandesas ou cortar a dívida grega”, detalhou Soini. A Finlândia era o maior aliado de Schäuble na ideia de forçar o Grexit.
Já na Alemanha a resistência agora é perante a velocidade das negociações. Segundo avançaram este domingo dois jornais alemães – “Süddeutsche Zeitung” e o “Handelsblatt” –, o ministério das Finanças alemão está contra o ritmo acelerado das negociações: “É melhor negociar mais duas ou três semanas e então ter um programa mais sensível”, avançou fonte do ministério citado pelos dois jornais.
O governo alemão preferirá que Atenas procure um segundo empréstimo-ponte para saldar a dívida do BCE e só depois se chegue a um acordo para o resgate – ou isso, ou o governo de Merkel está a procurar respeitar as férias dos parlamentares:é que caso haja acordo esta semana, estes terão que interromper as férias para votar a proposta.