“Narcos”. Droga de vida, Pablo Escobar

“Narcos”. Droga de vida, Pablo Escobar


É a nova grande estreia da Netflix, o tal serviço que vai estar entre nós em Outubro. No resto do mundo, ocartel de Medellín volta ao activo no próximo dia 28.


Não há mudanças nos planos: a Netflix (televisão em streaming por subscrição) só vai estar a funcionar em Portugal em Outubro (fora acessos paralelos, esses agora não entram nestas contas). O que há é mais conteúdos, quase a serem revelados noutros países e que farão parte da programação disponível também por cá. O maior destaque actual vai para “Narcos”, não há volta a dar. É a história de Pablo Escobar e do cartel de Medellín: droga, colombianos, americanos, negócios, tiros, Wagner Moura e José Padilha. Dizer que anda aqui uma “tropa de elite” é tão fácil como carregar no play para ver isto (assim que pudermos) por isso ninguém vai levar a mal.

A dupla realizador-actor que nos deu os filmes sobre a luta contra o tráfico de droga nas favelas do Rio de Janeiro regressa agora aos anos 80 que ligavam os EUA à Colômbia – os da luta contra o grupo que controlava a entrada de droga em território americano.E a base de tudo isto é a história de PabloEscobar, o poderoso chefão com uma história impossível de ver repetida seja por quem for, a não ser nestes belos momentos de ficção. 

Padilha é aqui o produtor executivo (em conjunto com Eric Neman), o homem que decide para onde vai “Narcos”, o mesmo que percebeu cedo que a ideia de fazer um filme era pouco ambiciosa. Era preciso muito mais tempo que aquele permitido por uma sala de cinema para ir a todos os recantos desta novela. O resultado está nas dez horas que a Netflix emite a partir de dia 28. O mesmo que vem das contas feitas por Padilha depois de uma pesquisa intensiva sobre artigos e documentários, imagens de arquivo e entrevistas.

Terão sido estas conversas com polícias, advogados e outros comuns mortais – próximos dos eventos e dos respectivos protagonistas – a fazer a diferença face ao que se tornou quase sabedoria popular depois da morte de PabloEscobar. Em “Narcos” está Wagner Moura como rei da cocaína, desde o início da sua dedicada actividade em 1975 até chegar a um nível impensável de poder e influência – mais de 70 milhões de euros por dia e com muitos colombianos a considerá--lo uma espécie de Robin dos Bosques.

“Adoro que ele [Escobar] seja uma personagem muito contraditória. Adorava a família. Era amado – ainda o é por muita gente em Medellín.E ao mesmo tempo continua a ser um dos mais terríveis assassinos da história moderna”, disse Wagner Moura em entrevista ao jornal britânico “The Independent”.
Miami era o principal mercado para os negócios do cartel de Medellín e é esse um dos cenários principais de “Narcos”.

Se Wagner Moura é PabloEscobar (sempre em castelhano), Steve Murphy é o agente federal que o persegue (interpretado por Boyd Holbrook, sempre em inglês), na companhia do mexicano Javier Peña (Pedro Pascal). O verdadeiro Steve Murphy foi uma das principais fontes consultadas por Padilha para a concretização de “Narcos”.

Também ao “Independent”, o antigo agente da DEA (a organização federal americana de luta contra o narcotráfico) recordou que nunca tinham tido a oportunidade de contar a história do lado americano. 

Quanto a Wagner Moura, engordou 20 quilos, aprendeu castelhano em cinco meses e procurou “não decepcionar o Zé”. Disse à Globo: “Gosto desses processos que são longos.E esse do ‘Narcos’ eu tive tempo para construir o personagem, ver como era o corpo dele, a coisa da barriga, sabe? O que está aí é o que a gente queria fazer.”