António é a personagem da Lousã. Acarinhado por todos, o conhecido Bolachinha Americana colabora com o Rugby Club da Lousã e com o Clube Desportivo Lousanense e tem um orgulho imenso em figurar no livro do programa desportivo “Liga dos Últimos”. Tem 53 anos e é apoiado pela ARCIL, a Associação para a Recuperação de Cidadãos Inadaptados da Lousã, que trabalha com pessoas com necessidades especiais.
Já esteve num apartamento e agora vive numa casa perto do campo de rugby, onde tem o seu quarto cheio de camisolas oferecidas pelos seus amigos dos clubes e recortes de todos os jornais em que já apareceu. “Sou do Lousanense, do Benfica e da Académica, metade de cada.”
Sorrimos perante a impossibilidade aritmética porque António transborda simpatia. A sua segunda paixão, depois do desporto, é a música. Aliás, foi isso que lhe deu fama: quando voltou dos Estados Unidos começou a ligar para a rádio local para dedicar músicas às raparigas da terra, navegando numa playlist que inclui U2, Pink Floyd e Rolling Stones. “Agora só deixam pedir música portuguesa”, lamenta.
“Mas já pedi o ‘Ó Senhor Guarda’ (não leve a mal) para dedicar à GNR.” António gosta de estar em Portugal: conseguiu arranjar trabalhar e tem liberdade. Nos Estados Unidos, ao cuidados dos irmãos, tinha de passar muito tempo em casa, explica. Além disso, tem-se fartado de passear com as associações locais e gosta particularmente de aparecer na televisão e de encontrar figuras públicas. “Já vi o Cavaco e o Paulo Portas”, exemplifica.
Tem o desgosto de Marcelo Rebelo de Sousa – a quem chama Marcello Caetano – nunca ter mostrado na TVI as páginas que lhe foram dedicadas no livro “Liga dos Últimos” e gostava que um dia a SIC aparecesse pela Lousã. “Já sou famoso, acredita.” Claro que sim.