O inevitável aconteceu. Jorge Jesus, o polémico treinador que incendiou este defeso futebolístico, trocando o Benfica pelo eterno rival Sporting, protagonizou o chamado milagre de Lázaro, ressuscitando, conjunturalmente é certo, uma aliança morta há algum tempo e pomposamente enterrada neste defeso, entre Sporting Clube de Portugal e o Sport Lisboa e Benfica, com a sua mudança inesperada do Estádio da Luz para o Estádio José de Alvalade.
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E, pode-se dizer que Jorge Jesus uniu o que antes separara, ao ser colocado no centro de uma outra polémica, originariamente causada pelo facto de assumir todo o protagonismo num spot promocional da autoria de Gonçalo Morais Leitão, um criativo recentemente contratado pela nova administração da RTP para dirigir o departamento de autopromoções.
Neste spot Jesus aparece ora de um lado ora do outro da segunda circular, ora de vermelho, ora de verde, como que convocando de um lado e do outro as respectivas claques para uma disputa. Na verdade, o futebol parece ser algo de secundário naquele momento televisivo e é disso mesmo que se queixam as direcções dos clubes e a própria Federação Portuguesa de Futebol (FPF), organizadora do troféu em disputa no Estádio do Algarve, a 9 de Agosto.
A FPF associou-se entretanto ao protesto, de forma menos exuberante, soube i junto de fonte federativa, fazendo ver à administração do canal público que o spot poderia convocar velhos fantasmas e amedrontar famílias dispostas a rumar ao Estádio do Algarve num espírito de festa.
Entre clubes e RTP a questão azedou um pouco mais. No caso do Benfica, há coisa de uma semana, mal foi disparada aquela publicidade na televisão, o gabinete de comunicação do clube tinha tentado sensibilizar o canal público de televisão para o perigo de aquela promoção vir a incendiar os sentimentos mais primários de alguns adeptos, já que ainda estava fresca uma mudança de Jesus para Alvalade. Ao que nos foi dito por fonte do clube, a RTP não foi sensível a tais argumentos e avançaram então com uma posição mais institucional. Desta vez, há dois dias, a direcção da SAD benfiquista avançaria com uma carta dirigida à própria administração da RTP, na qual reclamava a retirada do spot promocional ou a sua substituição por outro. O Benfica ameaçava envolver a entidade reguladora.
Também da parte do Sporting seguiram cartas para Gonçalo Reis, presidente do conselho de administração da RTP. A direcção da SAD sportinguista manifestou o seu desagrado por este spot, conhecido como o “promo” do “Ai Jesus”. A direcção leonina foi mais longe e enviou uma carta também para Carlos Magno, presidente da Entidade Reguladora da Comunicação Social (ERC) e, como noticiava na sua edição de ontem o “Correio da Manhã”, de Alvalade seguiu idêntico protesto para o ministro da Presidência, Marques Guedes.
Recusa do jogo em diferido
Mas, o protesto conjunto que uniu Sporting e Benfica, começou a esvaziar com a substituição do spot por um outro nada polémico. Só que esta unidade no protesto ganhou outras motivações, mantendo os mesmos protagonistas, Sporting e Benfica, e ambos do mesmo lado da barricada.
Desta vez, do outro lado permanece a RTP e podem vir a ser acrescentadas duas novas entidades: a Olivedesportos e a FPF.
Trata-se da impossibilidade dos canais televisivos, quer o canal do Sporting quer o Benfica TV, poderem vir a retransmitir, em diferido, o referido jogo da supertaça.
Uma fonte do Benfica contactada pelo i garante que “normalmente nos jogos internacionais, a UEFA,ao negociar com o operador o direito de transmissão, garante no clausulado essa possibilidade” de retransmissão em diferido pelos canais dos próprios clubes.
Ao que parece, este contrato de direitos de transmissão desportiva que foi “vendido em pacote”, juntamente com a Taça de Portugal, à Olivedesportos, para depois serem revendidos à RTP , muito provavelmente não contemplam essa cláusula.
O i contactou a FPF no sentido de confirmar se a possibilidade tinha ou não sido considerada no contrato entre a FPF e a Olivedesportos, mas até ao fecho desta edição não foi possível obter uma resposta. O i também chegou à fala com o presidente do conselho de administração da RTP, Gonçalo Reis, que prometeu responder mais tarde, mas não o fez até ao fecho desta edição.
