© Emilio Naranjo/EPA
A contratação de Iker Casillas pelo FC Porto domina a agenda de Verão. E não apenas no campo futebolístico. A vinda do símbolo da selecção espanhola e do Real Madrid tem tanto ou mais significado social e económico do que desportivo. A melhor aquisição de sempre? Pelo que aproxima Espanha de Portugal, é inevitável achar que sim.
Ao contrário do que ultimamente costuma suceder, agora é Espanha que tem as atenções viradas para Portugal. Pinto da Costa deu uma entrevista ao “El País” (que, por cá, só de longe a longe dedica página e meia a primeiros-ministros e candidatos a tal), a TVE comprou os direitos dos jogos de preparação do FC Porto (a sua homóloga portuguesa estava distraída, de certeza…) e a representação jornalística castelhana na cidade explodiu.
Mesmo antes de entrar em campo, Casillas já fez alargar o mercado potencial do campeonato português de 10 para 50 milhões de espectadores (esperam-se louvores sem fim ao FCP, como é hábito). Este ano vão ver-se muitas bandeiras espanholas e visitantes ilustres nas bancadas do Dragão.
Fundamentalismos à parte, esta contratação do FC Porto faz mais pelas relações luso-espanholas do que muitas cimeiras políticas juntas. Tem impacto económico e social (o ticket com a simpática Sara também contribui). Esta contratação é uma espécie de Tordesilhas ao contrário já que, em vez de dividir, aproxima pessoas e alia interesses.
É certo que tudo isto não fará o FC Porto marcar mais golos (e, mesmo com Casillas, não deixará de sofrer alguns), não resolverá de uma penada todos os problemas financeiros do clube (mas pode ajudar bastante) nem será suficiente para abrandar o debate da sucessão na liderança (que é perigoso, algo precoce e com tendência para a autofagia).
Declaração de interesses: sim, sou do FCP (há muito tempo, não fanático e às vezes crítico). E sim, também sou iberista.
Escreve à quinta-feira