O veterano Josh Smith assinou um contrato válido por uma temporada com os Los Angeles Clippers. Na conferência de apresentação do extremo-poste, que se estima já ter amealhado qualquer coisa como 85 milhões de euros em 11 temporadas na NBA, Smith desabafou: “No final do dia, vocês sabem, tenho uma família. Por isso, vai ser um pouco difícil para mim este ano. Mas vou esforçar-me para tentar assinar um contrato de longa duração depois deste primeiro ano.”
Quase de imediato, sem dó nem piedade, o desabafo de Josh Smith foi associado à ideia de que seria difícil viver com o seu novo salário anual, de 6,2 milhões de euros. A ideia de mencionar a família acabou por trair Josh Smith, num discurso que os órgãos de comunicação acharam muito semelhante ao de Latrell Sprewell, uma antiga estrela da NBA, que em 2005, ao receber uma proposta de 24,5 milhões de euros por três anos de contrato, rejeitou-a invocando que tinha uma família para alimentar. Mais tarde, este antigo jogador acabou por ser mais um a ter graves problemas financeiros.
Mas será que o problema de Josh Smith era mesmo o dinheiro? É claro que para Smith não deve ser simpático ver vários colegas com um registo semelhante ao seu a assinarem contratos de 15 ou 20 milhões por ano, mas isso é outra história. Smith não é um jogador brilhante, mas está longe de ser apenas mais um. Prova disso foi o contrato que assinou com os Detroit Pistons, por quatro temporadas, em 2013, na ordem dos 50 milhões de euros.
Até aqui a vida de Smith corria bem, mas o pior veio a seguir. A meio do contrato, Smith foi dispensado pelos Pistons. Como mandam as regras, os restantes 25 milhões do seu contrato passariam a poder ser pagos não em dois, mas sim em cinco anos. Pelo facto de Smith ter garantido esta mesada durante os próximos cinco anos, nenhuma equipa quis entrar em loucuras para o adquirir. Smith acabou por assinar por um ano pelos Houston Rockets que, tal como metade da NBA, não lhe ofereciam um grande ordenado.
Com o fim da temporada, Smith viu os Rockets oferecerem-lhe mais um ano de contrato, por cerca de 2,3 milhões de euros, mais do que os 1,8 milhões que recebeu ao longo da primeira temporada. Smith rejeitou e acabou por assinar pelos Clippers, em troca do ordenado mínimo para um veterano, cerca de 1,2 milhões de euros. As regras da NBA ditam que quanto melhor for o novo contrato de Smith, menos os Pistons teriam de continuar a pagar de indemnização mas, mesmo assim, o extremo-poste ainda saiu a perder 450 mil euros, face à oferta dos Rockets.
Tendo em conta esta decisão, dificilmente Josh Smith estaria a queixar-se do seu ordenado. O mais provável é que o desabafo tenha surgido pela curta duração do novo contrato (apenas um ano), que não dá garantias ao jogador de que valha a pena trazer a sua família para Los Angeles, nem que seja porque a vida de um basquetebolista da NBA implica estar constantemente a viajar.