Laura Ferreira, os malvados não têm cor


É o império da estupidez e da maldade. De mãos dadas, velhos imbecis especialistas em tudo e jovens cretinos ignorantes de pai e mãe.


Este texto não devia existir, mas a estupidez e a maldade também não – e, no entanto, persistem, fazem vítimas e espalham doutrina. 

Não a que resulta do pensamento, porque um estúpido não tem ideias, só espasmos e preconceitos, mas faz doutrina que, se muitos estúpidos repetirem o mesmo com insuspeita superioridade, em tom professoral e sem contestação, então deve ser verdade. 

Mas não é. De facto, não passa de uma ventosidade que, como sabemos, é só ar e ruído. 

Quando meditamos que o progresso, a experiência, os erros e tudo o que aprendemos nos garantem imunidade frente à peçonha, e que estamos protegidos pela memória das vítimas do mal e da intolerância, eis que o estúpido, em todo o seu esplendor, nos agarra e tenta puxar para o interior da esquizofrenia e do caos em que se reproduz. 

Laura Ferreira é uma bela e orgulhosa mulher negra, trabalhadora, ama a sua filha pequena e está apaixonada pelo seu companheiro, Pedro, que a ama com a mesma intensidade e a mesma férrea discrição. Vivem nos subúrbios. 
Laura Ferreira desde muito cedo que está habituada ao preconceito machista, à piada racista e, mais recentemente, à falsa lisonja. 

Inesperadamente, sem aviso, a vida impôs-lhe superar um extraordinário obstáculo e nesse momento optou por agarrar o futuro, sair para a rua a viver por si e pelos seus, como desígnio, digna e inteira.

Laura enfrenta o cancro, doença terrível de um enorme estigma social, com a decência de quem não tem de ter vergonha, não se quer esconder e não se rende. 

A minha amiga Laura não enfrenta uma condenação, está corajosamente a lutar contra o cancro.

 Laura Ferreira sofreu alterações na sua imagem, tem a cabeça rapada e foi assim que decidiu aparecer durante os dois dias de visita oficial a Cabo Verde e à Guiné-Bissau, locais onde viveu e cresceu. 

Foi o suficiente para que a canalha aos urros e de ódio declarado o interpretasse de forma cínica e asquerosa, como sendo tudo uma jogada emocional a favor de ganhos eleitorais para Pedro Passos Coelho. 

O guião de onde partiu a seráfica “denúncia” foi parido no blogue da especialista Estrela Serrano, retorcida e já afectada no seu discernimento pelo sectarismo partidário e ansiosa por recordar fidelidades em período pré-eleitoral.
A corja cobarde que se pastoreia nas cloacas em que muitos casos se tornaram as redes sociais e a blogosfera assumiu a “indignação” e promoveu uma sórdida campanha.

É o império da estupidez e da maldade. De mãos dadas, velhos imbecis especialistas em tudo e jovens cretinos ignorantes de pai e mãe passam as noites fundidos nos ecrãs, a navegar no lodo e a exigir mais transparência na vida pública, claro que sob o corajoso anonimato do pseudónimo, condição para eles essencial para o exercício do insulto e da vil acusação em total impunidade.

A simples sugestão de que Laura Ferreira tivesse concordado em passear a sua tragédia pessoal porque isso favorecia o resultado eleitoral do marido é de tal maneira repugnante e vil que só pode existir na cabeça de gente doente, gente perigosa para a democracia, gente ociosa que substituiu a intervenção cívica e política pelo boato asqueroso e pela maldade gratuita. 

São o lúmpen das redes, realmente desprezam a política, a maior parte nem vota, são Torquemadas e Savonarolas digitais em busca de vítimas para partilhar.

Ana Sá Lopes já aqui deixou um magnífico editorial sobre o tema, bem como João Miguel Tavares, ou o jornalista Ferreira Fernandes em três preciosas linhas.

No entanto, tentar extrapolar para os conceitos de esquerda e direita, como aconteceu, a identificação de um comportamento negativo é superficial e intelectualmente desonesto.

A convicção de uma superioridade moral é manipuladora, falsa e perigosa. A prova de fogo de uma ideologia é a sua capacidade efectiva da resolução e superação das necessidades humanas.

Antes do homem ideológico existe o homem moral e ético, com valores e princípios que se herdam e se aceitam durante o percurso e a experiência de vida que nos conduzem à adopção de um espaço político. Um homem íntegro não fica num partido corrupto.

A compaixão, a decência e a solidariedade são interpretações da inteligência humana. 

Os malvados não têm cor, não são de esquerda nem de direita. São só mesmo maus.

Consultor de comunicação
Escreve à quinta-feira

Laura Ferreira, os malvados não têm cor


É o império da estupidez e da maldade. De mãos dadas, velhos imbecis especialistas em tudo e jovens cretinos ignorantes de pai e mãe.


Este texto não devia existir, mas a estupidez e a maldade também não – e, no entanto, persistem, fazem vítimas e espalham doutrina. 

Não a que resulta do pensamento, porque um estúpido não tem ideias, só espasmos e preconceitos, mas faz doutrina que, se muitos estúpidos repetirem o mesmo com insuspeita superioridade, em tom professoral e sem contestação, então deve ser verdade. 

Mas não é. De facto, não passa de uma ventosidade que, como sabemos, é só ar e ruído. 

Quando meditamos que o progresso, a experiência, os erros e tudo o que aprendemos nos garantem imunidade frente à peçonha, e que estamos protegidos pela memória das vítimas do mal e da intolerância, eis que o estúpido, em todo o seu esplendor, nos agarra e tenta puxar para o interior da esquizofrenia e do caos em que se reproduz. 

Laura Ferreira é uma bela e orgulhosa mulher negra, trabalhadora, ama a sua filha pequena e está apaixonada pelo seu companheiro, Pedro, que a ama com a mesma intensidade e a mesma férrea discrição. Vivem nos subúrbios. 
Laura Ferreira desde muito cedo que está habituada ao preconceito machista, à piada racista e, mais recentemente, à falsa lisonja. 

Inesperadamente, sem aviso, a vida impôs-lhe superar um extraordinário obstáculo e nesse momento optou por agarrar o futuro, sair para a rua a viver por si e pelos seus, como desígnio, digna e inteira.

Laura enfrenta o cancro, doença terrível de um enorme estigma social, com a decência de quem não tem de ter vergonha, não se quer esconder e não se rende. 

A minha amiga Laura não enfrenta uma condenação, está corajosamente a lutar contra o cancro.

 Laura Ferreira sofreu alterações na sua imagem, tem a cabeça rapada e foi assim que decidiu aparecer durante os dois dias de visita oficial a Cabo Verde e à Guiné-Bissau, locais onde viveu e cresceu. 

Foi o suficiente para que a canalha aos urros e de ódio declarado o interpretasse de forma cínica e asquerosa, como sendo tudo uma jogada emocional a favor de ganhos eleitorais para Pedro Passos Coelho. 

O guião de onde partiu a seráfica “denúncia” foi parido no blogue da especialista Estrela Serrano, retorcida e já afectada no seu discernimento pelo sectarismo partidário e ansiosa por recordar fidelidades em período pré-eleitoral.
A corja cobarde que se pastoreia nas cloacas em que muitos casos se tornaram as redes sociais e a blogosfera assumiu a “indignação” e promoveu uma sórdida campanha.

É o império da estupidez e da maldade. De mãos dadas, velhos imbecis especialistas em tudo e jovens cretinos ignorantes de pai e mãe passam as noites fundidos nos ecrãs, a navegar no lodo e a exigir mais transparência na vida pública, claro que sob o corajoso anonimato do pseudónimo, condição para eles essencial para o exercício do insulto e da vil acusação em total impunidade.

A simples sugestão de que Laura Ferreira tivesse concordado em passear a sua tragédia pessoal porque isso favorecia o resultado eleitoral do marido é de tal maneira repugnante e vil que só pode existir na cabeça de gente doente, gente perigosa para a democracia, gente ociosa que substituiu a intervenção cívica e política pelo boato asqueroso e pela maldade gratuita. 

São o lúmpen das redes, realmente desprezam a política, a maior parte nem vota, são Torquemadas e Savonarolas digitais em busca de vítimas para partilhar.

Ana Sá Lopes já aqui deixou um magnífico editorial sobre o tema, bem como João Miguel Tavares, ou o jornalista Ferreira Fernandes em três preciosas linhas.

No entanto, tentar extrapolar para os conceitos de esquerda e direita, como aconteceu, a identificação de um comportamento negativo é superficial e intelectualmente desonesto.

A convicção de uma superioridade moral é manipuladora, falsa e perigosa. A prova de fogo de uma ideologia é a sua capacidade efectiva da resolução e superação das necessidades humanas.

Antes do homem ideológico existe o homem moral e ético, com valores e princípios que se herdam e se aceitam durante o percurso e a experiência de vida que nos conduzem à adopção de um espaço político. Um homem íntegro não fica num partido corrupto.

A compaixão, a decência e a solidariedade são interpretações da inteligência humana. 

Os malvados não têm cor, não são de esquerda nem de direita. São só mesmo maus.

Consultor de comunicação
Escreve à quinta-feira