Ao início da manhã, um blogue: Yanis Varoufakis demitia-se do cargo de ministro das Finanças, poucas horas depois de os gregos terem acedido ao seu pedido e de o 'não' ter ganho por uma clara vantagem no referendo deste Domingo. As reuniões, já marcadas, precipitaram-se. Primeiro, Alexis Tsipras reuniu com o seu vice-primeiro-ministro, Yanis Dragasakis, e depois disso com os restantes líderes partidários e o presidente grego, Prokopis Pavlopoulos.
A meio do dia, foi a vez de Tsipras telefonar a Putin. Declarações oficiais do porta-voz do presidente russo explicaram que no telefonema os dois responsáveis falaram de acordos bilaterais e potenciais formas de cooperação a partir de hoje. Depois, o primeiro-ministro grego ligou a Angela Merkel. Ao telefone com a chanceler alemã, Tsipras ter-se-á comprometido a entregar aos líderes europeus uma proposta consistente durante a Cimeira Europeia de amanhã.
Nos entretantos, os vários responsáveis europeus foram falando, ora via conferências de imprensa, ora nas redes sociais: Dijsselbloem, o presidente do Eurogrupo, anunciou no Twitter as horas da realização do eurogrupo e do Conselho Europeu durante o dia de amanhã, dia 7de Julho – a saber, 13h e 17h, respectivamente, horas de Bruxelas. E deixou um lamento: "O referendo não nos aproximou de uma solução".
Matteo Renzi, primeiro-ministro italiano, escolheu o Facebook para escrever uma mensagem de optimismo e apelar à responsabilidades. Renzi afirmou que a Grécia deve continuar no euro e que é preciso que a Europa se liberte das amarras da burocracia, sob risco de o projecto europeu estar condenado. "Se nos mantivermos inflexíveis, prisioneiros dos regulamentos e da burocracia, a Europa acabou. Reconstruir uma Europa plural não será fácil, depois dos acontecimentos dos últimos anos. Mas este é o momento certo para prová-lo e para o fazer, todos juntos. A Itália fará a sua parte", concluiu.
O vice-chanceler alemão, por seu lado, avisou em conferência de imprensa, que a Grécia pode estar agora mais perto da insolvência. Sigmar Gabriel avisou ainda que as propostas do governo helénico têm que ir muito além do que tem sido apresentado.
Ao início da tarde soube-se também – embora careça de confirmação oficial – que Euclid Tsakalotos sucederá a Yanis Varoufakis na pasta das Finanças gregas. O economista tem coordenado as negociações com os credores e é apontado como um homem que se sabe mexer no meio dos tecnocratas que Bruxelas tanto preza.
Também Christine Lagarde já se manifestou. Num comunicado enviado por fonte oficial do FMI, a secretária-geral afirma que o Fundo Monetário Internacional "tomou nota do resultado do referendo de ontem, na Grécia" e onde afirma que está a "monitorizar a situação e está pronto para agir assim que a Grécia o peça".
Durante o resto da tade ainda se esperam mais desenvolvimentos vindos de várias geografias: deverá ser libertada uma declaração conjunta dos vários líderes partidários gregos – o partido comunista não assinará, revela o The Guardian, mas Syriza, Nova Democracia, To Potami, PASOK e ANEL chegam a consenso após 6 horas de negociações – e o Conselho de Governadores do BCE tem que se manifestar sobre a linha de emergência de liquidez aos bancos gregos. Fontes do sector bancário grego disseram, entretanto, à Reuters, que as instituições gregas deverão permanecer fechadas, apesar de estar previsto que reabram amanhã, dia 7.
Ainda durante esta segunda-feira, Angela Merkel voa para Paris, onde vai jantar com François Hollande, depois de reunir com o chefe de Estado francês. Na agenda? Atenas e o que fazer com o resultado do referendo.