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Quando os povos deixam de ter estima, deixam de obedecer. Regra geral, as nações que os reis reúnem ou consultam começam por votos e acabam por vontade. Antoine Rivarol
Quando enviei esta crónica para a redacção do i não conhecia, como é óbvio, o resultado do referendo na Grécia.
No entanto, para esta modesta reflexão, o resultado da consulta popular não é importante.
De facto, quer tenha ganho o “sim” quer o “não”, o povo grego, responsável pela decisão, não vai deixar de continuar a estar sob a formidável pressão dos seus parceiros europeus, e principalmente daquele organismo não europeu, verdadeiro agiota mundial, o FMI.
Ao longo da sua história, mais concretamente depois do seu declínio como civilização dominante na Europa, os gregos deixaram de ser compreendidos.
A sua língua merecia, perante a incapacidade da maioria dos tradutores medievais de a entenderem, esta expressão em muitos textos: “Graecum est, non legitur” (“É grego, não se lê”).
Incapaz de se fazer entender politicamente com os seus parceiros europeus, o governo grego recorreu ao último argumento: consultar o seu povo, que, no entanto, já o elegera, na esperança de que batesse o pé na Europa.
Na verdade, a experiência populista na Grécia é vista com extrema desconfiança pelos parceiros europeus, temendo certamente a “infecção”.
Assim, há que aplicar já uma vacina radical que mate, de vez, o vírus.
Os gregos não têm escolha: ou o remédio, ou o isolamento.
Escreve à segunda-feira