A Polícia Judiciária desencadeou esta manhã uma mega-operação de buscas relacionada com suspeitas de fraude no Serviço Nacional de Saúde. Segundo o i apurou, o principal alvo das buscas é o laboratório farmacêutico Bial, sediado na Maia, mas a operação decorre também noutros pontos do país.
A operação estará relacionada com acusações feitas por um antigo delegado de propaganda médica da Bial, condenado no final do ano passado a uma pena de prisão efectiva de nove anos por burla ao SNS. No caso que ficou conhecido como "Remédio Santo", Rui Peixoto foi considerado pelo tribunal um dos fundadores de um grupo criminoso que lesou o SNS em mais de três milhões de euros através de um esquema que envolvia receituário falsificado.
Na sequência de afirmações feitas por Rui Peixoto em tribunal, nomeadamente de corrupção de médicos por parte da Bial, terá sido extraída uma certidão para averiguar as denúncias do antigo funcionário da empresa. Peixoto chegou a alegar que o esquema fraudulenta servia para os envolvidos atingirem os objectivos dos laboratórios onde trabalhavam.
Bial apanhada de surpresa
Numa nota enviada à redacção do i, a farmacêutica diz ter sido surpreendida esta amanhã com a investigação em curso. "Estranhando o sentido desta diligência, BIAL está, como sempre esteve, totalmente disponível para colaborar com as autoridades em tudo o que entenderem necessário", informou fonte oficial. "A BIAL prestou e continuará a prestar às autoridades, sempre que necessário, toda a colaboração solicitada para o cabal esclarecimento da realidade."
O grupo Bial foi fundado em 1924 por Álvaro Portela. Desde então a empresa tem sido gerida sempre pela família. Em 2011 António Portela substituiu o pai Luís Portela na liderança executiva da farmacêutica.
Em 2010 a empresa colocou no mercado o primeiro medicamento totalmente desenvolvido em Portugal, um antiepiléptico.
