"Temos que ter a noçãoo do momento histórico que estamos a viver de reorganização do sistema geopolítico mundia", começou por dizer Luis Amado. No painel dedicado à livre circulação e potencialidades da CPLP, o ex-ministro lembrou que actualmente "as economias nacionais estão sujeitas a pressões externas como nunca estiveram".
Nesse sentido, defendeu, "a CPLP é um instrumento fundamental para as economias [que lhe pertencem] se inserirem na economia global. Nenhuma economia, nem nenhum dirigente político, pode desprezar a importância de uma plataforma com estas características. A comparação com a Comunidade Económica Europeia (CEE) é muito difícil", explicou ainda, questionado sobre se a CPLP estaria mais perto de permitir a livre circulação de pessoas, bens e capitais. E explicou: "chegámos ao mercado europeu comum, hoje mercado interno através de uma comunidade económica. Mas esta, a CPLP, não é uma comunidade económica. É preciso lembrar que só 60 anos depois é que na União Europeia estamos a assistir à livre circulação de pessoas. Há uma concepção económica na génese da construção europeia que não podemos esquecer. A CPLP parte precisamente da dimensão terminal, da cidadania. E acho que isso, no plano político, ainda não foi percebido", lamentou.
Na resposta, o ex-primeiro-ministro timorense Mari Alkatiri afirmou ser um "político. Quando dizem que os políticos devem decidir sobre mobilidade" e abertura de fronteiras, o responsável afirmou concordar com essa visão. "O sector empresarial toma depois conta do resto", brincou, concordando com o facto de ser preciso colocar os políticos a trabalhar mais na facilitação dos processos de mobilidades entre os países-membros da CPLP.
Salim Abdula,presidente da Confederação Empresarial da CPLP, voltou a sublinhar a importância de não deixar esquecida a "pérola" que é a CPLP, nem as oportunidades que ela pode representar. "A nova geração já não conhece a história do passado. Conhece a história do presente, e é sobre ele que nos devemos focar. Sob o risco de perdermos o momento e desintegrarmos esta grande pérola que é a CPLP", afirmou.
Se calhar os meus filhos ainda vao a tempo de entender esta mensagem, mas os nossos netos ou bisnetos nem saberão do que estamos nós a falar. A relação socio-económica tem a ver com aquilo que sãoo as oportunidades que os nossos nove países têm. O facto de estarmos em quatro continentes, estando a trabalhar unidos, com uma perspectiva comum, permite que estejamos em todo o mundo", reiterou.
E afirmou ainda que só há forma de se "desconseguir" continuar com os objectivos de aumentar o intercâmbio e a interacção entre os países membros "se houver inércia por parte dos politicos".
O painel fechou a grande conferência do I Fórum da União de Exportadores da CPLP (UE-CPLP), onde Mário Costa, presidente da UE-CPLP foi homaenageado pelos responsável da CPLP pela sua dedicação na organização do evento e também pelo esforço que tem desenvolvido na promoção dos produtos e serviços, nomeadamente através do intercâmbio empresarial entre estados-membros da comunidade.
O Fórum realizou-se em Lisboa nos dias 26 e 27 de Junho, no Centro de Congressos – antiga FIL.
