O mundo está a tornar-se um local perigoso. Porquê? Perguntará o leitor mais bem avontadado.
Será por haver muitas guerras, conflitos, crises económicas e financeiras, o acordo ortográfico, os diplomas da Lusófona, a SIDA, o incremento do consumo de drogas, o JJ no Sporting depois de ter sido enxotado do Benfica, os impostos a crescerem e os rendimentos a diminuírem (quando existem rendimentos), a Grécia a ser “humilhada” ou os troikanos a cederem, o esfrangalhar da Europa, Obama e Putin e a Ucrânia, enfim… tantas e tantas razões para se poder pensar que o mundo é um local perigoso para se viver.
Mas ultimamente, eu que por natureza sou um crente na bondade humana (crente mas não particularmente estúpido, também acredito na maldade humana), tenho sentido crescer uma onda de agnosticismo feroz dentro de mim. Cada vez mais acredito menos no que me dizem, no que me escrevem. Antigamente dizia-se que havia a informação e a contrainformação. Mentira. Isso já não existe. O que surge presentemente é a contrainformação e a contrainformação. Já não há um lado com razão. Há dois lados sem razão a tentarem enganar o terceiro.
Despudoradamente. Criaram-se canais oficiais de contrainformação. Há gabinetes para imagem. O mesmo é dizer gabinetes para criar a imagem de que fulano de tal, que é um estafermo, é afinal um ser lindo. Ou que beltrano, que é uma besta, afinal não passa de um apóstolo.
Não se podem ouvir os políticos nem os comentadores políticos. Parecem desconhecer por completo de que trata a verdade. Para eles, todos nós somos umas criaturas indignas de uma verdade. Mas acredita-se na justiça? Bem… passemos à frente. Acredita-se no Ministério da Educação ou no Senhor Chefe do Sindicato dos Professores, aquele…, sim, esse mesmo!? Acredita-se na Saúde ou apenas que nos querem tratar da saúde?
Acredita-se no Olivier que diz que a cadeia da McDonald’s é só matéria do piorio, ou isto será só uma forma de desmoralizar as multinacionais, como aqueles que dizem que a Coca-Cola é petróleo? Ou será que são as multinacionais que nos enchem a cabeça de paraísos deliciosos. Ou será que nem uns nem outros falam verdade? Que mundo é esse em que (quase) não se acredita em nada? Um universo de mitómanos desenfreadamente esquizofrénicos?
Escreve à sexta-feira