Henrique Neto.  “Tenho bastantes militantes do PS na minha candidatura”

Henrique Neto. “Tenho bastantes militantes do PS na minha candidatura”


Neto escreveu uma carta aberta aos militantes do PS a justificar as críticas que fez aos governos socialistas.


“Na minha candidatura estão bastantes militantes socialistas.” A garantia é dada pelo candidato à presidência da República Henrique Neto que, neste fim–de-semana, publicou uma carta aberta aos militantes socialistas a explicar as posições críticas que assumiu em relação aos governos do PS e a garantir que não foram as suas críticas a prejudicar o partido. O objectivo é aproveitar a falta de entusiasmo de alguns sectores do PS com a candidatura de Sampaio da Nóvoa e tentar captar algum desse eleitorado.

“O Sócrates está no
topo da pirâmide dos
que dão cabo disto”
5/10/2010

Neto está consciente de que as duras críticas que fez aos governos de Guterres e Sócrates lhe valeram muitos inimigos dentro do partido de que é militante e pelo qual já foi deputado na Assembleia da República, mas também acha que “o tempo demonstrou” que tinha razão. “É natural que muitos socialistas agora me dêem razão”, diz ao i o candidato.
Na carta, publicada pelo “Expresso”, o empresário explica que se fez críticas, “assumindo o legado histórico do PS”, foi porque “além de militante socialista” é português e “não há interesse partidário que possa sobrepor-se à defesa coerente e exigente de uma vida melhor e mais digna para os portugueses”. E conclui: “Não foram as minhas críticas que prejudicaram o PS.”

“Sempre achei que o PS
entregue a um tipo
como o Sócrates só
podia dar asneira”
5/10/2010

As críticas mais duras foram dirigidas a José Sócrates, que o candidato chegou a descrever, em 2010, como “um aldrabão” e que o levaram a não votar no PS nas últimas eleições legislativas. Com o ex-primeiro-ministro em prisão preventiva por suspeitas de corrupção, fraude fiscal e branqueamento de capitais, Henrique Neto está convencido de que dificilmente o caso Sócrates não entrará na campanha. “Já está a influenciar. O facto de Sampaio da Nóvoa, que é um candidato partidário, se tentar afirmar como independente é um sintoma de afastamento dos perigos que José Sócrates pode representar para o PS.”

“O PS vai pagar
duramente estes anos
de José Sócrates”
8/2/2011

Neto acusa mesmo o ex-reitor de ter ficado calado durante os tempos em que Sócrates governou o país. “Nunca se incomodou com as políticas seguidas pelo PS e por Sócrates durante seis anos. Se as convicções do professor fossem outras, teria feito outra intervenção durante os anos de chumbo da governação de José Sócrates.”

“As reacções de alguns  socialistas são
irracionais. Há muitos que não querem
 conhecer o que se  passou. Fecham os
 olhos porque estão  moral e eticamente
 metidos nestas desgraças”
28/11/2014

Sampaio da Nóvoa, candidato que já recebeu o apoio de Mário Soares e de Jorge Sampaio e deverá receber o apoio oficial do PS nos próximos meses, é o principal alvo de Henrique Neto. O empresário, que considera “animador” o resultado da sondagem que lhe dá 10%, defende que Nóvoa “não tem condições para fazer a mudança de que o país precisa” porque “é um candidato partidário limitado naquilo que pode dizer e, principalmente, que pode fazer”.

“Vou votar, mas não no PS. Tenho
consciência de que levanta problemas,
mas o país está primeiro”
17/05/2011

A seis meses das eleições presidenciais ainda há três dúvidas essenciais: a primeira é quem será o candidato à direita (ou os candidatos); a segunda é quem serão os candidatos do PCP e, eventualmente, do Bloco de Esquerda; e, por último, se o descontentamento de alguns socialistas com a candidatura do ex–reitor dará origem a mais um candidato de centro-esquerda. À direita, Rui Rio já admitiu ser candidato, mas ainda não se definiu, e Marcelo Rebelo de Sousa, que continua a aparecer nas sondagens como o preferido, continua a adiar para depois das eleições legislativas uma decisão.

“Sócrates agudizou
muito o problema do
endividamento”
25/3/2011

Santana Lopes, que esteve para avançar em Março, também só dará notícias em Outubro. EAlberto João Jardim anda a tentar reunir apoios. À esquerda, alguns socialistas ainda sonham com uma candidatura alternativa a Sampaio da Nóvoa e Maria de Belém seria uma hipótese, mas a ex-ministra também só dirá se está disponível a seguir às legislativas.

“A partir de António Guterres começou
um processo muito forte de centralização
e os grupos que tomam conta do PS são cada
vez mais pequenos”

8/2/2011