Negociações. Atenas e credores internacionais falham acordo

Negociações. Atenas e credores internacionais falham acordo


Diferenças “significativas” continuam a dividir as duas partes. As negociações serão retomadas na próxima reunião do Eurogrupo


As negociações entre a Grécia e os credores internacionais, que se realizaram desde sábado em Bruxelas, terminaram ontem sem acordo. De acordo com um porta-voz da Comissão Europeia, este desfecho deveu-se a “divergências importantes” que persistem entre os dois lados.

Segundo o mesmo, as “propostas gregas continuam incompletas”, no entanto, o presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, “continua convencido” que “pode ser encontrada [uma solução] até ao final do mês”, altura em que a Grécia tem de reembolsar uma parte do empréstimo já concedido ao Fundo Monetário Internacional (FMI).

Juncker “fez uma última tentativa este fim-de-semana para encontrar, através dos seus colaboradores próximos e em estreita ligação com os especialistas da Comissão, do Banco Central Europeu e do FMI, uma solução com o primeiro-ministro” grego, Alexis Tsipras.

A verdade é que apesar de termos assistido a progressos, as negociações falharam devido às divergências que continuam a existir entre os planos das autoridades gregas e as exigências conjuntas dos credores.

Para a Comissão Europeia, os gregos devem aplicar “até dois mil milhões de euros” em medidas de austeridade anuais para receberem a ajuda financeira de que precisam, uma situação que deverá ser discutida na próxima reunião do Eurogrupo, que deverá acontecer esta quinta-feira no Luxemburgo.

Do lado da Grécia, fonte do governo afirmou à AFP que as exigências dos credores “são irracionais” e acusou o FMI de ter uma posição “intransigente e dura”, uma vez que, não aceita cortar pensões e salários.

Europa sem paciência  O vice-chanceler alemão, Sigmar Gabriel, alertou ontem que a Europa está a perder a paciência com a Grécia. “Nós queremos ajudar a Grécia e mantê-la na zona euro. Mas o tempo começa a escassear e, em toda a Europa, a paciência também”, escreveu Sigmar Gabriel num comentário transmitido pelo jornal Bild, citado pela agência noticiosa AFP.

“Por toda a Europa, há um sentimento crescente: já chega”, reiterou. O tom deste aviso é pouco comum vindo de Sigmar Gabriel, chefe dos sociais-democratas, parceiros na coligação governamental com os conservadores da chanceler Angela Merkel.

O responsável que também é ministro da Economia da Alemanha, criticou a forma como a Grécia está a negociar: “Todas as supostas tentativas definitivas para encontrar um acordo começam a tornar todo o processo de negociações ridículo”, escreveu o governante.

Para Sigmar Gabriel, “se o acordo não for concluído em breve, várias pessoas na Europa vão perder a paciência.
Tudo fica agora adiado para o Eurogrupo da próxima quinta-feira, naquela que parece ser a última hipótese de as partes chegaram a um acordo. Caso contrário, a Grécia arrisca-se a entrar numa situação de incumprimento de pagamentos: Atenas tem até 30 de Junho para reembolsar 1,6 mil milhões de euros ao Fundo e pode não conseguir honrar esta obrigação se os 7,2 mil milhões de euros do segundo resgate financeiro não forem desbloqueados. Com Lusa