Sala de Corte. Mal ou bem passada, desde que esteja na mesa

Sala de Corte. Mal ou bem passada, desde que esteja na mesa


Abriu no fim de Maio, na Rua da Ribeira Nova, no Cais do Sodré, a nova steakhouse de Lisboa. Fomos espreitar os cantos da casa e provar, pois claro.


Andar pelo Cais do Sodré durante o dia é um risco. “Já vos tinha visto, mas pensei que eram turistas”, dizem-nos do restaurante quando decidimos entrar. Nada que não seja expectável nem que levemos a mal, culpa de quem usa uma T-shirt colorida, mochila nas costas e barba grande em plena hora de almoço nesta zona da cidade.

Após nos termos apresentado, colocam–nos numa mesa onde não falta luz porque as fotografias também importam. Mal sabíamos ao que vínhamos. O que se segue é da inteira responsabilidade de uma refeição que nos aumenta os centímetros desta barriga que já não ia para pequena e de uma carne que se desfaz na boca, por certo. A Sala de Corte abriu há poucas semanas no Cais do Sodré e segue a moda das steakhouses, mais uma que parece ter invadido Lisboa nos últimos meses.

O balcão em mármore, com os devidos candeeiros, permite-lhe uma refeição ao balcão, experiência mais informal que calha bem a qualquer hora do dia. Nas mesas ganha o castanho, do sofá em pele e da madeira que se espalha por toda a sala. “O objectivo que tínhamos era o de procurar associar ao espaço o processo de tratamento da carne como se de um talho se tratasse, ou seja, recebermos em bruto, tratarmos e dosearmos as peças. É daí que surge a decoração. Estamos muito contentes com o resultado final”, garante Rafael Morais, gerente. 

O restaurante, que pertence ao grupo Multifood, liderado por Rui Sanches e que detém, entre outros projectos, o Vitaminas, decidiu expandir a sua actividade para outros terrenos. Aqueles que Rafael trata de nos explicar: “Um conceito de carnes grelhadas no shopping era um conceito arriscado, porque para se garantir um determinado tipo de qualidade e que correspondesse ao preço que pretendíamos, aquilo que se pratica nos shoppings era impossível. Então surgiu esta ideia. Apostámos no Cais do Sodré porque consideramos que será o grande local da restauração em Lisboa nos próximos dez anos.” 

Aberta há quase duas semanas, a Sala de Corte vai de vento em popa. Ora vejam: “É rara a pessoa que passa e não vem espreitar. Além disso, aconteceu-nos algo que nos deixa muito orgulhosos: um cliente que na mesma semana esteve cá três vezes, o que de facto é um indicador que nos garante que o cliente vai ficar satisfeito e vai voltar”, diz Rafael. Naquele momento eram 14h30 da tarde, a casa estava bem composta, com gente suficiente para que um casal simpático se apercebesse da presença dos jornalistas e tratasse de cobiçar a nossa carne. Só não demos porque fica mal; na verdade, o estômago já pedia descanso. Isto, convém dizer, já depois de entradas e de uma vazia (200 gramas, 13,5€) que muito nos satisfez. 

Lá veio a picanha (200 gramas, 11,5€) com uma gordura deliciosa, tudo em amena cavaqueira, à boa tradição portuguesa. Que é, afinal, o que aqui se quer. “É um projecto que apela muito ao sentido de taberna, uma ideia de talho, o mostrador de carnes com o mármore, com algum requinte, obviamente, mas não em excesso. Algo espontâneo, ao estilo comer uma boa carne, conversar e beber um bom vinho”, confessa o gerente. 

Acabámos a refeição com um entrecôte (200 gramas), um corte repleto de gordura à qual atribuímos o título de vencedor. Ah, quase nos esquecíamos: uma pavlova de frutos vermelhos como se o que aconteceu antes não tivesse sido suficiente. Agora um café, por favor. No final, gostaríamos de esclarecer que esta foi uma refeição a dois, que o nosso fotógrafo, como o casal do lado sugere, “é magrinho mas come bem”. 

Rua da Ribeira Nova, 28, Lisboa. De segunda a sexta, das 12h às 15h e das 19h às 00h; sábado e domingo das 12h às 00h. 213 460 030