Garantir ou prometer?


Trata-se portanto de duas formas de propor a construção de um edifício. Encher os pilares de betão ou de areia. Cada um pode escolher, portanto, em liberdade


Está marcado o terreno. De um lado as garantias, do outro lado as promessas.

Mesmo sem conhecermos, ainda, os programas de candidatura completos, o traço distintivo é este.

De certo modo, corresponde ao código genético da força política que o propõe. Esse culto da promessa é, no PS, um vício antigo. Conduziu ao que conduziu. Fez história e pretende-se que assim continue.

O PS quer sempre encurtar o caminho para o poder porque, sem isso, perde-se, perde a sua identidade.

Esperava-se que a frieza do Dr. Costa introduzisse diferenças essenciais. A marca de água das vésperas da maioria absoluta impressionava.

Afinal, hoje o líder do PS vale o mesmo que o anterior líder do PS. Não há seguro, nem de vida.

Logo, regressamos ao ponto de partida. O Dr. Costa acredita que para evitar o naufrágio é capaz de atirar bóias de salvação em todas as direcções.

Alguém lhe lembrou que para colher é preciso semear e ele, agricultor das hortas, trata de o fazer a gestos largos lançando a promessa à terra.

Esquece-se que a sua mão cumpre o gesto mas está vazia e a semente de nada nada dá.

Apesar de tudo, convenhamos que a intenção inicial do Dr. Costa era boa. A ideia de apresentar, pela primeira vez na história do seu partido, um programa feito por economistas de fora para tentar credibilizar um partido por dentro era de estrondo.

Converteu-se ao destino, porém.

Em contrapartida, a coligação prefere oferecer garantias, não espremer as meninges inutilmente, não passear no arame, não fazer da eleição circo.

Garantir que Portugal não gastará mais do que tem ou do que pode (défices excessivos); garantir que colocará toda a sua ambição num crescimento médio da economia do país de 2% a 3% para os próximos quatro anos; garantir que a prioridade das prioridades será combater o desemprego e que o mesmo baixe para a média europeia, e a pobreza; garantir que a sobretaxa do IRS será progressiva e que a recuperação dos salários da função pública será gradual; garantir que as reformas na Segurança Social serão feitas numa base de consenso muito alargada (leia-se com o PS ou ainda em sede de Concertação Social); garantir que se inscreverá na Constituição da República portuguesa um limite à divida pública; garantir que entre as grandes prioridades estarão a qualificação das pessoas, a coesão territorial e a demografia ou ainda garantir um estado social presente e capaz e um estado mais justo e eficiente.

Trata-se portanto de duas formas de propor a construção de um edifício. Encher os pilares de betão ou de areia.

Cada um pode escolher, portanto, em liberdade.

Não há, porém, desculpas para a reclamação do erro.

Os resultados de uma escolha num sentido ou noutro repousam em factos históricos conhecidos, em experiências sofridas.

Ninguém poderá alegar que vota pelo desejo de aventura inconsciente.

Deputado do PSD
Escreve à sexta-feira

Garantir ou prometer?


Trata-se portanto de duas formas de propor a construção de um edifício. Encher os pilares de betão ou de areia. Cada um pode escolher, portanto, em liberdade


Está marcado o terreno. De um lado as garantias, do outro lado as promessas.

Mesmo sem conhecermos, ainda, os programas de candidatura completos, o traço distintivo é este.

De certo modo, corresponde ao código genético da força política que o propõe. Esse culto da promessa é, no PS, um vício antigo. Conduziu ao que conduziu. Fez história e pretende-se que assim continue.

O PS quer sempre encurtar o caminho para o poder porque, sem isso, perde-se, perde a sua identidade.

Esperava-se que a frieza do Dr. Costa introduzisse diferenças essenciais. A marca de água das vésperas da maioria absoluta impressionava.

Afinal, hoje o líder do PS vale o mesmo que o anterior líder do PS. Não há seguro, nem de vida.

Logo, regressamos ao ponto de partida. O Dr. Costa acredita que para evitar o naufrágio é capaz de atirar bóias de salvação em todas as direcções.

Alguém lhe lembrou que para colher é preciso semear e ele, agricultor das hortas, trata de o fazer a gestos largos lançando a promessa à terra.

Esquece-se que a sua mão cumpre o gesto mas está vazia e a semente de nada nada dá.

Apesar de tudo, convenhamos que a intenção inicial do Dr. Costa era boa. A ideia de apresentar, pela primeira vez na história do seu partido, um programa feito por economistas de fora para tentar credibilizar um partido por dentro era de estrondo.

Converteu-se ao destino, porém.

Em contrapartida, a coligação prefere oferecer garantias, não espremer as meninges inutilmente, não passear no arame, não fazer da eleição circo.

Garantir que Portugal não gastará mais do que tem ou do que pode (défices excessivos); garantir que colocará toda a sua ambição num crescimento médio da economia do país de 2% a 3% para os próximos quatro anos; garantir que a prioridade das prioridades será combater o desemprego e que o mesmo baixe para a média europeia, e a pobreza; garantir que a sobretaxa do IRS será progressiva e que a recuperação dos salários da função pública será gradual; garantir que as reformas na Segurança Social serão feitas numa base de consenso muito alargada (leia-se com o PS ou ainda em sede de Concertação Social); garantir que se inscreverá na Constituição da República portuguesa um limite à divida pública; garantir que entre as grandes prioridades estarão a qualificação das pessoas, a coesão territorial e a demografia ou ainda garantir um estado social presente e capaz e um estado mais justo e eficiente.

Trata-se portanto de duas formas de propor a construção de um edifício. Encher os pilares de betão ou de areia.

Cada um pode escolher, portanto, em liberdade.

Não há, porém, desculpas para a reclamação do erro.

Os resultados de uma escolha num sentido ou noutro repousam em factos históricos conhecidos, em experiências sofridas.

Ninguém poderá alegar que vota pelo desejo de aventura inconsciente.

Deputado do PSD
Escreve à sexta-feira